Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

29 de julho de 2010

24 de julho de 2010

Viver e Deixar Viver

Pescadores à beira do Tejo - Lisboa
Outro dia conversava com uma amiga. Ela me contava o quanto sua mente tagarelava. Tagarelava tanto que não a deixava dormir ou a acordava no meio da noite para simplesmente tagarelar. E assim ela passava as noites sem dormir o suficiente para ter um dia calmo. Pensava no futuro, no passado e se preocupava com a família e em que podia fazer para ajudá-los, enquanto rolava na cama. Depois, acordada, tentava fazer de tudo para ajudar as pessoas da família que estavam com problemas e depois se frustrava por ter feito tanta coisa e ainda assim o problema não havia se resolvido, ou a dor do outro não tinha acabado.

Pensei em quantas vezes isso também tinha acontecido comigo. Quantas vezes minha mente ficava trabalhando a noite inteira remoendo situações do passado ou do futuro e perdendo o presente, perdendo o sono.

Na conversa com essa amiga, descobrimos que na verdade não mudamos ninguém. Podemos talvez dar algum apoio, mas a mudança que achamos que o outro deve fazer, sobre essa não temos controle.

Queremos mudar o outro de acordo com nossas crenças e valores e desconsideramos o que o outro quer realmente. Na verdade, sentimos dor pelo outro e por não querermos sentir essa dor, tentamos “arrumar o mundo” para que ele fique confortável para nós. Então saímos desesperadamente “ajudando o outro”, porque se ele não sofrer, eu não tenho dor.

É quase uma arrogância nossa querer que o outro mude ou que ele não sinta dor, ou não viva alguma experiência que julgamos ser injusta, ou interferir numa situação tirando do outro a possibilidade de crescer e assumir seus próprios aprendizados.

Achar que alguém está vivendo uma experiência que não deveria, é não acreditar que essas mesmas experiências são presentes que o universo nos dá para sairmos de nossa zona de conforto e descobrirmos nossas infinitas possibilidades.

Acho que esse foi meu maior aprendizado nesses últimos cinco anos. Engraçado que quando começo a vivenciar isso de modo mais prático, uma sensação de estar livre começa a surgir no meu peito e com mais clareza posso entender que tipo de apoio eficiente eu posso dar ao outro sem que isso faça mal a mim ou ao outro. A esse aprendizado eu dou o nome de “aceitação”. Aceitar que há coisas que não posso mudar. Aceitar que tudo, tudo na vida está certo. E que se o universo permite que as pessoas vivam suas experiência, por que eu não permitiria?

"Na infinidade da vida onde estou,
tudo é perfeito, pleno e completo,
e no entanto a vida está sempre mudando.
Não existe começo nem fim,
Somente um constante ciclar e reciclar
De substância e experiências".
(Louise L. Hay)

23 de julho de 2010

Sara

Sara Marriott - Comunidade de Nazaré
Sara Marriott me vem à mente com a frase: “Não, não Zezé, isso não é difícil, isso é desafiante”. Sara pedia que a gente não usasse a palavra "difícil", porque nosso subconsciente bloqueia qualquer atitude. O que não aconteceria se a palavra fosse "desafiante". Difícil é algo imutável. Mas se eu encarar algo como desafiante, então necessariamente pode se ter uma atitude.

Sara morava na comunidade onde morei e a imagem que tenho dela é aquela pequena criança curvada pelo tempo como quem agradece à vida. Passava por mim, me sorria com aqueles olhos azuis de Marte. Com passos rápidos, desafiando o conceito secular do tempo, ela ia em direção à sala de meditação, para lá talvez entrar em contato com seu ser cheio de luz descobrindo que seu mestre era interno e era de lá que recebia as respostas. Caminhava com o cão amigo, Terry, todas as manhãs, naquela estrada linda com borboletas entrecortando seu caminho.

Sara deixou em mim sua positividade ao encarar as coisas da vida. E é disso que lembro dela dizendo que atraímos para nós aquilo em que colocamos foco e energia. Não estava falando da tal lei de atração que virou um modismo. Falava da nossa responsabilidade em quebrar padrões e crenças ineficientes que não nos servem mais e substituí-las por outros mais eficientes.

Eu atraio situações para validar aquilo que penso e sinto.
Somos responsáveis pelo que atraímos.
Rhandy Stefano

18 de julho de 2010

O filme - A Profecia Celestina

Recebi de uma amiga o endereço de um site do filme “A Profecia Celestina” que fala de uma nova consciência que redefine a vida e nos dá uma visão cultural completamente espiritual da terra.

Todos nós temos um propósito de vida e escolhemos diversos caminhos para chegar ao nosso eu interior. Usamos nossa intuição, nossos insights, nossa energia e nosso corpo físico para evoluir.

A expansão da consciência evolui a cada dia que passa acelerando nosso desejo interior e nosso chamado. Basta ouvir aquela voz interior que temos e que nos guia como um compasso através do nosso coração e da nossa alma.

O filme dura 1h30 e o site é esse. Se não conseguirem abrir clicando aqui, coloquem o endereço na página da internet e bom filme.

http://video.google.com/videoplay?docid=3612525731737466669#

15 de julho de 2010

Abrindo Espaços

Como ir além dos limites que impomos a nós mesmos e usar a grandeza interna que já possuímos? Estamos muitas vezes viciados em ficar na zona de conforto e levar a vida sem grandes transformações e cheia de insatisfações. Esse sentimento de insatisfação vem do vazamento de nossa energia pelos eventos do dia-a-dia no trabalho, nos nossos relacionamentos, em como lidamos com nossa casa, nossa saúde etc. Estamos tão ocupados que não paramos para perceber o que é realmente importante em nossa vida e deixamos nossa energia ser exaurida, ficando doentes, estressados, deprimidos e sem motivação.

Tudo que nos causa mal estar gera baixa qualidade de energia em nosso campo eletromagnético. Sabe aquela chave da porta que nunca funciona direito? Aquele guarda-roupa entupido de coisas que não usamos? Aquele barulho no carro que todo dia ouvimos e nos "dá nos nervos"? Aquele botão da blusa a ser colocado e que só lembramos quando vamos usá-la? Os constantes atrasos nos compromissos? O cabelo que está para cortar? Os papéis desorganizados, os e-mails não lidos? As coisas que guardamos e não usamos? O vício do qual queremos nos livrar e não conseguimos? Ou como usamos nosso dinheiro? Tudo isso causa vazamento de energia. O que pensar então dos relacionamentos mal resolvidos, dos perdões que ainda não demos e dos que ainda não recebemos? Os limites que não colocamos? Os sentimentos que nos prendem o peito? O passado que ainda não liberamos? Como podemos ter uma vida de satisfação se toda nossa energia se esvai nesses eventos formando verdadeiros buracos energéticos em nosso campo eletromagnético? Por fim, o que queremos para nossa vida?

A cada 10 minutos de emoção negativa, todo nosso sistema nervoso é afetado por 6 horas.

“ Somos 100% responsáveis por tudo o que acontece em nossas vidas” (Louise Hay). Ao resgatar essa idéia de chamar a responsabilidade de nossa vida para nós, nos damos a oportunidade de começar a tapar esses vazamentos de energia e transformar nossas insatisfações em mais vida, mais saúde, mais disposição mais poder sobre nossas vidas.

Como tapar o buraco energético? Não deixando a energia escapar, aumentando a nossa satisfação na vida.

Podemos começar pelas coisas mais simples. Talvez pelo guarda-roupa, ficando só com o que usamos e gostamos. A estagnação é morte energética. Ela impede que a vida chegue. Eliminar a estagnação faz com que as coisas prósperas surjam. Que tal ligar para o chaveiro hoje mesmo (agora mesmo!) para consertar a chave da porta? Reservar um horário com o mecânico para amanhã? Aproveitar que você está em casa agora e colocar o botão na blusa? E depois então começar a pensar nos relacionamentos...

Conhecermos nós mesmos é um grande antídoto para problemas de relacionamento. Se eu sei como funciono, sei como me relacionar com o outro.

A idéia é começar pelo que é mais fácil, mais rápido e depois ir para o que demanda mais tempo e assimilação emocional. Temos escolhas. Só precisamos ter atitudes.

Essas pequenas atitudes resultam em uma super reserva de energia e portanto teremos mais ferramentas para sairmos de nossa zona de conforto para transformar nossa vida.

Afinal, “não viemos nessa vida para sermos bonzinhos. Viemos para nos tornarmos melhores. Nascemos para experimentar a beleza e a grandeza universal que se expressa através de nós”. (F. Abate)

13 de julho de 2010

Ouro Preto

Estive este final de semana em Ouro Preto.
Fica em minha cabeça a imagem de uma cidade onde o sol deita em suas montanhas delicadamente, casas com muitas janelas coloridas,ruas que sobem e descem e viram para lugares estonteantes, pessoas falando naquele sotaque carinhoso, comida de mãe, ar fresco e limpo, pedras coloridas e a ideia de nossa história ligada a de Portugal, sinos de igrejas tocando, trenzinho andando pelas montanhas, velhinhos cantando corajosamente na praça e muita, muita paz nestes dias.

4 de julho de 2010

MARIA PRETA

Hoje me lembrei da Maria Preta, uma vizinha que eu amava e que se interessava por mim, lá nos meus 5 a 10 anos de idade.
Ela sentava em sua máquina de costura e eu ao lado bebia de suas histórias e das respostas que ela dava para as minhas perguntas de criança curiosa em descobrir esse planeta. Perguntas do tipo, “Por que as nuvens são brancas?" "Por que algumas crianças da minha classe não têm sapatos? "Para onde foi minha avó que morreu?” "O que vou ser quando tiver 13 anos?" E ela respondia a todas as perguntas com a maior seriedade e me fazia viajar naquelas ideias. Ideias de Maria Preta.

Para mim era tão interessante ela ser preta que eu a chamava assim de Maria Preta e ela ria – e toda a vizinhança também adotou carinhosamente esse apelido. Hoje descobri que Maria Preta é o nome de um passarinho.

Eu me lembro de um dia de outono que chovia. E eu olhava da janela – acho que já estava com 6 anos – e perguntava: por que é que chove? Ela me respondeu, do alto de sua máquina de costura: "Eu não sei direito porque chove. Talvez para dar muita alegria pra gente". Eu perguntei: "Mas como é que você sabe que é pra nos dar alegria?" E ela: "Você não está feliz agora olhando a chuva? Então?" E eu estava... Depois ela me contou que tudo que eu comia tinha chuva dentro: as frutas, o arroz, os legumes. Como eu relutasse em aceitar, ela descascou uma mexerica e mostrou os gomos, aquela porção de "garrafinhas de água doce" que tem lá dentro. Não duvidei mais. Tinha certeza que ela sabia do que estava falando.

Quando morei na comunidade de Nazaré, tinha (ainda tenho) uma amiga, a Paula, que adorava tirar fotos. Um dia de muito frio ela bate no meu quarto e diz ter tirado algumas fotos e queria me dar uma em especial. Era uma foto de uma mexerica (abaixo) que me deixou emocionada. Me remeteu aos tempos de Maria Preta. Como ela poderia saber que a mexerica era algo especial para mim? Não sabia. Ela só quis me dar aquela foto da qual ela também tinha gostado tanto.
Pensei em Maria Preta porque acabei de ler um livro chamado “As cinco pessoas que você encontra no céu”, pessoas que nos mostram o verdadeiro valor da vida, que nos lembram que vivemos numa teia de ligações e que temos o poder de mudar a visão de mundo do outro com pequenos gestos.

E ao terminar o livro fiquei com essa sensação de entardecer com Maria Preta, de chuvas dentro de mexericas e de cheiro de bolo de fubá que aqueceram minha curiosidade de criança e ainda estão tão vivas em mim.