Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

23 de setembro de 2010

Nazaré - Entrevista - Sonia Café

Aqui uma entevista com Sonia café - autora do livro "Meditando com os Anjos" e que também morou em Nazaré, a mesma comunidade onde morei por 3 lindos anos. Além da suave mensagem, dá pra ver imagens do lugar onde tive uma das mais belas experiências.

21 de setembro de 2010

Quem lidera, inspira.

Coloco aqui um video que gostei muito, onde o orador Simon Sinek fala sobre "Como grandes líderes inspiram a ação". Ele dá dicas de como se tornar um líder efetivo e inspirador a mudanças. Argumenta com maestria de como as pessoas compram não o que você produz, mas o que você acredita.  "Quem lidera, inspira".

O vídeo tem 18 minutos e você pode escolher legenda em português.
http://www.ted.com/talks/lang/por_br/simon_sinek_how_great_leaders_inspire_action.html

18 de setembro de 2010

Sábado - Yoga

Neste sábado participei do evento no Sesc chamado "Yoga é Luz" e gostei muito. Foram 7 horas de palestras e práticas onde me senti muito preenchida. Cada vez mais o yoga faz parte de minha vida. Não só as posturas, mas também os preceitos éticos que o fundamentam. Com tantas atribulações no dia a dia não consigo mais achar que a vida é aquele contínuo acordar de manhã como se fosse automático, tomar banhar e sair, trabalhar, voltar, jantar, dormir e acordar novamente.

Uma das organizadoras do evento deu uma palestra falando um pouco sobre isso. Falou da importância da disciplina que devemos ter na vida e salienta que disciplina é quando você entende que está a serviço. A serviço de algo maior. E que se a gente entra nesse movimento, a gente melhora e melhora o outro também.

Por não sermos separados de nada, tudo que nos acontece faz parte de nossa história e não somos vítimas de nada. Nascemos no lugar certo, na família certa. Sair do papel de vítima o mais cedo possível e assumir responsabilidade por sua vida aceleram o processo de crescimento. Nesse sentido agradecemos a tudo. Tudo mesmo, até as aversões que são justamente as que nos fazem crescer.

A prática da meditação não é simplesmente sentar numa postura bonita todos os dias, mas é uma prática que começa no momento que eu acordo. Já que eu me coloco a serviço de algo maior, como é que testemunho tudo que me vai acontecendo durante o dia? Como eu me levanto, como eu tomo o meu banho, como eu me alimento, o que eu como, como é que eu preparo meu alimento, como é que eu fecho a porta do meu carro, o que eu penso, como eu levo o lixo pra lixeira, como eu cuido do outro, o que eu falo, como eu me relaciono com meu amigo e com aquele que tenho aversão? Esse estar presente em todas as situações é a verdadeira meditação. Passamos dias e dias muitas vezes sem perceber como atuamos e não sabemos então por que levantamos da cama de manhã e por que estamos nesse mundo. Se eu amanheço meditando, à noite a meditação me reconhece e é só aí que a meditação acontece, se tiver que acontecer.

O salto quântico é quando a gente percebe que mesmo que as coisas não estão “bem”, não estão do jeito que eu gostaria que estivessem e mesmo assim, eu estou bem, porque estou além da minha mente, estou a serviço de algo maior. Se tenho essa consciência da grandeza dentro de mim, consigo ouvir o silêncio e percebo que o mundo é um objeto que é capaz de me mudar. Então tudo que tenho é para mim. Tudo é também para me servir.




13 de setembro de 2010

Silêncio

Existe um lugar dentro de nós onde habita o silêncio. É lá que nos equilibramos física, emocional e espiritualmente. E aí temos controle sobre a direção que queremos dar à nossa vida. É só aí que temos verdadeiramente escolhas e entendemos que nada está fora do nosso alcance. Ao atuar a partir dessa referência interior, não somos mais atingidos pelos fatores externos.

Mas, poderíamos perguntar: onde é que fica esse silêncio? Como faço para ir até ele? A melhor resposta a gente vai ter quando começar a sentir isso. E para isso é necessário prática. Como tudo na vida, nada acontece sem que nos coloquemos com entusiasmo a praticar no sentido de desconstruir padrões mentais que adquirimos de nossos pais, família e país, ou que construímos a partir de nossos medos, hábitos e preguiças sem questionarmos. Nesse caso a prática é nos observar, entendermos como funcionamos física e psiquicamente.

Muitas pessoas vivem uma vida inteira sem saber quais são suas reações a determinados eventos, sem ter a mínima idéia do que sentem sobre esses eventos, de onde vêm estes sentimentos e nem mesmo sabem por que e para que estamos aqui. Aí fica complicado entender o que queremos. E quando não sabemos o que queremos, a televisão, a moda, os outros dizem e vamos vivendo uma vida superficial, sem satisfações.

Gosto muito desses dois exemplos que li num livro que mostra uma situação onde você, por exemplo, está insatisfeito com seu emprego e quer um novo. Você envia currículos para as agências, fala com os amigos, procura no jornal e nada acontece. Então você conclui que "não existem oportunidades para mim".

Agora imagine um caçador com dificuldade de encontrar sua caça na floresta. Se esse caçador procurar ajuda com um xamã, eles juntos examinarão o interior do caçador para encontrar a solução de seu problema, Jamais teriam o pensamentos do tipo "não existe caça na floresta”, porque eles sabem que existe. O fato é que algo dentro do caçador está impedindo que ele a encontre ou até mesmo algo esteja afugentando a caça. Neste caso, o xamã pediria ao caçador participar de um ritual a fim de mudar o que existe em seu coração e a se perguntar: “Se não há nada lá fora, será que existe algo aqui dentro?

Tenho falado bastante no blog que a prática da meditação diária é uma das ferramentas eficientes para entrarmos em contato com nós mesmos, para termos um diálogo interno. Esse é um dos caminhos que podemos chegar a esse silêncio, onde tudo se renova. E renovando seu interior, fatalmente as respostas do mundo exterior serão outras.

"Eu não sou eu,
eu sou alguém que caminha a meu lado
Que permanece em silêncio quando estou falando
Que perdoa e esquece quando estou irritado
Que segue sereno quando estou sofrendo
E que estará de pé quando eu estiver morrendo
Eu não sou eu, eu sou alguém que caminha a meu lado
E é por este alguém que devemos conspirar ..."

11 de setembro de 2010

O Terracinho

O Edmilson, meu companheiro de jornada, me surpreendeu esses dias dizendo que eu nunca tinha falado dele no blog. Fiquei pensando sobre o que escrever já que não tenho tanta facilidade como ele de misturar palavras e sentimentos numa boa gramática. Muita coisa linda aconteceu nestes quase 15 anos juntos que nos fizeram crescer, rir, e até nos estranhar de vez em quando. Quando ele trabalhava no jornal, ele escrevia uma crônica toda semana. E uma das que mais gostei foi “Terracinho”, que dá o tom de nosso relacionamento. Então resolvi colocar aqui.

Terracinho
Quando Zezé e eu entramos no apartamento, há cerca de 11 anos, cada um tomou um rumo: ela olhou a sala, quis ver o quarto, reparou na pintura, sei lá. Eu sei que fui direto para o terraço. Ali, uma vista na qual eu nunca tinha botado os olhos se apresentava com toda luz de uma tarde de céu limpo de dezembro. Do décimo segundo andar de um prédio localizado numa região alta, dava para ver longe. Zezé chegou logo depois e também ficou encantada. Na verdade, era um terracinho, menos de metro e meio de largura e uns três de comprimento. Mas foi ele, praticamente, que nos fez fazer a loucura de comprar, em 1997, um apartamento que tinha um preço que não estava nos nossos planos...

Mudamos para lá em janeiro e o terracinho passou a ser o ponto do Verão, mais precisamente para as noites de Verão. Duas cadeiras e uma mesinha eram suficientes para transformar o espaço numa espécie de praia noturna com serviço de bordo. Um vinho rosé gelado, um queijinho camembert deixavam a noite deslizar até a entrada da madrugada entre papos e silêncios...

Ali planejamos várias viagens (muito mais do que as realmente realizadas), sonhamos o que fazer com o dinheiro da Mega-Sena que não ganhamos, contamos lembranças de infância, de juventude e algumas estrelas devidamente observadas quando o céu se arreganhava naquele escuro infinito.

Dia desses, chegando a pé em casa, Zezé e eu passamos sob a mangueira que alguém plantou e conservou numa rua pertinho do prédio. Olhei para seus galhos e lá estavam algumas pequenas pencas de mangas. Ôba!, disse eu. Zezé, que sabe que não sou muito chegado a mangas, estranhou. Expliquei: é que quando a mangueira começa a dar frutos, é início de Verão e estão chegando as noites pra gente ficar no terracinho jogando conversa fora. Mangas para mim são só o anúncio do prazer. Zezé, disse: Ah, bom.
Ed no terracinho olhando as estrelas no céu

8 de setembro de 2010

Alecrim

Recebi por e-mail uma mensagem que fala do Alecrim. E descobri que o chá que gosto tanto equilibra a temperatura do nosso corpo, fortalece o centro vital e age em todo organismo recuperando a alegria. Talvez por isso que gosto tanto de tomá-lo, o que faço sempre no terraço de meu apartamento onde posso entrar em contato com uma paisagem aberta, cheia de céu e de ar.

Neste e-mail tem uma lenda sobre o Alecrim que descrevo a seguir:

"Quando Maria fugiu para o Egito, levando no colo o menino Jesus, as flores do caminho iam se abrindo à medida que a sagrada família passava por elas.

O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados.
O lírio abriu seu cálice.
O alecrim, sem pétalas nem beleza, entristeceu lamentando não poder agradar o menino.

Cansada, Maria parou à beira do Rio e, enquanto a criança dormia, lavou suas roupinhas. Em seguida, olhou a seu redor, procurando um lugar para estendê-las.
O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais.

Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a nova oportunidade e as sustentou ao Sol durante toda a manhã.

"Obrigada, gentil alecrim!" - disse Maria. "Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não apenas flores te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentaram as roupas do pequeno Jesus, serão aromáticos. Eu abençôo folha, caule e flor, que a partir deste instante terão aroma de santidade e emanarão alegria.

Ouça a música de quando éramos crianças....

6 de setembro de 2010

Um novo olhar

No blog “Nós pela Terra”, que está na minha lista de blogs aqui no lado direito, minha amiga Mirella conta de seu primeiro dia no Shumacher College – um lugar especial onde eu estive uma vez quando morei em Londres.

"A escola é cercada por floresta e flores coloridas. Fica afastada do centro da cidade. Uma hora de caminhada pela trilha beirando o rio e, se preferir, pode-se pegar uma das 6 bicicletas que está à disposição".

A Mirella descreve que há 2 alojamentos para os estudantes do mestrado, embora a maioria do pessoal esteja no mesmo andar que ela. “Tem um pé de maçã carregado em frente ao alojamento. Delícia!"

Os banheiros e chuveiros são comunitários, mas bem arrumadinhos. Como todo inglês, tem até banheira! "A comida é sensacional! Nem peixe é permitido! Tudo é orgânico e cuidadosamente preparado. Fazemos revezamento entre as atividades incluindo cozinhar. Tudo é muito caprichado e além de frutas do pomar, podemos comer pão, bolos, cookies, geleias, chás a qualquer hora. Isso tudo feito aqui, 100% natural.

A composteira pra onde vai todo o lixo orgânico é bem grande e muito bem cuidada. O outro lixo é devidamente separado e 100% reciclado.

Há lavanderia, biblioteca, sala de aula, de meditação e yoga, espaço de música com 3 violões e um piano onde fazemos o encontro matinal para reflexão, sala de computador, de TV, de impressão e até de pintura!"

Ela conheceu um dos fundadores do Schumacher College, Satish Kumar, um indiano que decidiu ser monge aos 9 anos e, depois, inspirado por Gandhi, faz uma caminhada pela paz indo às quatro maiores capitais de países possuidores de armamento nuclear (Moscou, Paris, Londres e Washington) sem dinheiro algum e mantendo uma alimentação vegetariana. Ele insiste que a reverência para a natureza deveria estar no coração de cada debate político e social.

Separei um trecho do texto em que Mirella descreve o que aprendeu nesse primeiro encontro com ele. O texto completo pode ser lido no blog dela e inclusive há fotos do local.

... Entre tantos dizeres, Satish explica que o movimento ecológico deve ser baseado fundamentalmente em 3 pilares (ou em 3 S’ s): Soil (solo) representando a reverência ao mundo natural; Soul (alma) simbolizando o cuidado conosco mesmo através da saúde, felicidade e força; e Society (sociedade) contrapondo a atual situação em que 1/6 da população mundial passa fome enquanto 55% dos alimentos produzidos são desperdiçados. Aliás, segundo ele, o primeiro passo para solucionar os problemas do mundo é olhar para o nosso prato de comida. Além do cuidado com a nossa alimentação, devemos intensificar o tempo dado ao sono, a caminhada – a partir da qual tocamos nossos pés na Terra e nos conectamos com a natureza -, e aos pensamentos e sentimentos relacionados ao amor, compaixão e generosidade.

Ele também defende a ideia de que devemos plantar ao menos 5 árvores: uma frutífera para prover alimento, uma medicinal para prover a cura, uma que produza madeira para alimentar o fogo, outra que produza madeira para construir uma casa, e uma que produza flores contribuindo com a beleza e magnificência da vida.

…. Satish conclui sua fala dizendo que
        “we are human beings, not human doing”.

3 de setembro de 2010

Nossos Relacionamentos

Esta semana várias pessoas me falaram sobre relacionamentos em geral. E fiquei pensando como é importante compreender como funcionam os relacionamentos. É comum começarmos a procurar ajuda para tentar entender como funcionamos dentro de um relacionamento. Muitas pessoas encaram os relacionamentos como se fossem aquelas histórias que vemos nas novelas, onde se imperam a intriga, os jogos. Mas isso é muito pobre. Relacionamento é muito mais que isso.

Cito novamente o Deepak Chopra que diz que somos todos uma única entidade com diferentes pontos de vista. Então, nosso olhar deve envolver tudo e todos no mundo, e portanto devemos compreender que quando você vê o outro, na verdade está vendo outra versão de si mesmo. Somos espelhos para os outros e precisamos aprender a nos ver no reflexo das outras pessoas.

Dessa maneira, alimentar os relacionamentos é a atividade mais importante na vida, pois quando olho ao meu redor, tudo que vejo é a expressão de mim mesmo. Reconhecer essa conexão acelera o nosso próprio crescimento. Visto dessa forma, o relacionamento, todo relacionamento – pais, filhos, amigos, colegas de trabalho, parceiros românticos - é uma ferramenta para a evolução espiritual.

Tanto aqueles que amamos ou aqueles a que temos aversão são espelhos de nós mesmos. Sentimos-nos atraídos por pessoas que possuem as mesmas características que temos, porém mais acentuadas. E ainda desejamos a companhia delas porque, subconscientemente, sentimos que por meio desse contato possamos também expressar essas características.

Pelo mesmo motivo sentimos repulsa pelas pessoas que refletem características que negamos possuir. Passamos tanto tempo negando possuir esse lado escuro que acabamos projetando essas qualidades sombrias em outras pessoas em nossa vida.

Encontrar uma pessoa de quem não gostamos é uma oportunidade para vivenciar a coexistência dos opostos e descobrir uma faceta de nós mesmos.

Quando estamos dispostos a aceitar tanto o nosso lado claro quanto o sombrio, podemos começar a curar a nós mesmos e os nossos relacionamentos.


Breve história sufista contata no livro de Chopra
 Certo homem entrou em um vilarejo e procurou o mestre que era o ancião sábio do local. O visitante disse: “Estou resolvendo se devo ou não me mudar para cá. Tenho curiosidade de saber como é a vizinhança. Como são as pessoas que moram aqui?”

O mestre então perguntou ao homem: “Decreva-me o tipo de pessoas que moravam no lugar de onde você vem.” O visitante disse: “Oh! Eram assaltantes, trapaceiros, mentirosos.” O velho mestre então declarou: “Imagine só. As pessoas que moram aqui são exatamente iguais a essas.”

O Visitante deixou o lugar e nunca mais voltou. Meia hora depois, outro homem chegou à aldeia. Ele procurou o mestre e disse: “Estou pensando em me mudar para cá. O senhor pode me dizer como são as pessoas desse lugar?” Uma vez mais o mestre pediu: “Diga-me que tipo de pessoas moravam no seu lugar de origem.” O visitante respondeu: “Oh!, eram extremamente bondosos, delicadas, compassivas e amorosas. Vou sentir saudades delas.” O mestre então declarou: “”As pessoas daqui são exatamente assim.”