Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

28 de abril de 2012

Paz

Lindo filme. Se pudéssemos ter essa experiência no nosso primeiro contato com esse planeta, talvez nossa história pudesse ter outra qualidade. 

23 de abril de 2012

VALORES UNIVERSAIS

Hoje em dia o que mais ouço e me pego falando é sobre quantas atividades temos num dia só. Parece que a gente não consegue parar nunca. É uma atividade atrás da outra. Ufa! Algumas vezes noto que, independente de quanto fazemos, chega o fim do dia e estamos exaustos, mas em outros estamos tranquilos. De onde concluo que, na verdade, não é o quanto temos para fazer, mas quanto nossa mente fica agitada.

Todos nós já experimentamos a sensação de que nossa mente não para de pensar e estamos sempre tentando achar soluções através delas, elaborando ações e respostas às pessoas que, de alguma forma, nos feriram ou nos desqualificaram, ou, ainda, nos desrespeitaram. Criamos diálogos em nossas mentes baseados em nossa dor e tentamos responder ao mundo mostrando essa dor através da raiva, do medo, da insegurança, mesmo que venham mascarados por sentimentos nobres como o de justiça. Não conseguimos trazer paz para a nossa mente.

Mas afinal qual a função de nossa mente? “A mente é o lugar onde o conhecimento acontece”, de acordo com o livro que estou lendo “O Valor dos Valores” (veja na lista de livros a direita do blog) e, se esse conhecimento não acontece, é porque existe um obstáculo. Se temos nossa mente cheia de afazeres que usamos para encontrar meios de driblar ou rejeitar nossas emoções, fica difícil o conhecimento chegar até nós. Precisamos abrir espaços em nossas mentes para que um novo referencial, um novo conhecimento chegue até ela. Portanto, a mente precisa se preparar. O livro diz que praticar exercícios respiratórios, exercícios físicos podem ser úteis para aquietar a mente, mas não preparam a mente para o autoconhecimento.

O que prepara a mente para o autoconhecimento são as práticas dos valores universais e esses valores são certas atitudes éticas universais. O livro diz que “um valor ético é um padrão ou norma de conduta originado na maneira pela qual eu desejo que os outros me vejam ou me tratem.” Esses valores não têm nada a ver com religião, embora eles alicercem muitas delas.

Tudo o que eu não quero que os outros me façam é um comportamento inadequado. Portanto eu tenho a mim mesma como referência para saber quais são esses valores universais. Por exemplo: não quero que o outro minta para mim, quero que me diga a verdade. Portanto esse é um valor para mim. Assim eu pratico não dizer mentira. E assim podemos então saber o que é um valor para cada um de nós.

Minha vida só pode me levar ao autoconhecimento se eu praticar os meus valores internos que são os valores universais não baseados em raça, religião, sexo, preconceitos etc.

Uma vez que sei quais são esses valores, eu uso esses valores. Se não uso, se por algum motivo me desvio desses valores, eu entro em conflito interno comigo mesmo e nesse momento a mente começa a se agitar porque crio uma semente de culpa que gera a insônia, o medo. Mesmo pequenas mentiras registram internamente esses conflitos.

O conflito então aparece quando não conseguimos viver de acordo com determinado valor e, assim, não posso estar confortável. Consequentemente nossa qualidade de vida sofre sempre que nos tornamos divididos. “A expressão da minha vida é exatamente a mesma da minha estrutura de valores bem assimilados. O que eu faço é só expressão do que é valioso para mim".

Se faço desse ato de não viver conforme esses valores universais uma rotina, começo a destruir dentro de mim a minha expressão no mundo. Vivo a vida rasa, o acordar, trabalhar, pagar as contas, dormir e acordar novamente. Quem quer viver a vida rasa, sem profundidade, sem se conhecer, sem saber o que eu quero e para onde estou indo e como faço para chegar lá?

Estou me deliciando com esse livro que cita, na sequência, 20 valores que são necessários para preparar a mente para o autoconhecimento. Mas esse vai ser tema para um outro post.

Abaixo 2 minutos e meio de belo poema de Professor Hermógenes.


2 de abril de 2012

Sustentação

Não adianta, a vida é cheia de eventos que às vezes julgamos agradáveis e às vezes desagradáveis. Desde crianças temos desafios para enfrentar e, se os pais permitirem sem nos superproteger, vamos aprendendo logo cedo como podemos lidar com eles. As crianças que têm tudo o que querem sem o mínimo de esforço para conseguir, desenvolvem uma baixa resistência à frustração, tornando-se rebeldes e adultos infantilizados, sem conseguir se adaptar em diversas áreas de suas vidas. Se somos impedidos de viver frustrações quando crianças teremos de aprender na vida enquanto crescemos. Resiliência é a palavra usada hoje para dizer o quanto temos de sustentação interna para lidar com os diferentes eventos da vida e com as emoções que delas surgem e para nos adaptarmos às mudanças externas, superarmos obstáculos.

Refletia sobre isso ao fazer a postura do Pilar do Yoga. Como é desafiante você ficar com suas pernas esticadas para cima formando um ângulo de 90 graus com o solo. Sentir tranquilidade na respiração enquanto você está numa posição diferente do dia a dia. Permanecer ali, enquanto tudo começar a esquentar. As pernas querem cair, mas você as alinha, e as mantém ativas e firmes através do abdome e da respiração.

Precisamos do Pilar porque precisamos de sustentação, que é a autoconfiança, disciplina e alinhamento. Precisamos de sustentação para segurar aquilo que é nosso. Ninguém vai viver a minha história, só eu posso fazer isso. E como dizia meu pai, “já que isso é meu e nada pode ser feito para modificar, vou viver de cabeça erguida até o fim, com coragem e cumprir minha missão, sem reclamar”. Essa aceitação do imponderável é também uma compreensão dessa sustentação interna do que já foi e do que virá em nossas vidas.

Às vezes a morte de um pai, de uma mãe pode nos dar a sensação de que perdemos essa sustentação, de que estamos no vazio. Mas é nesse vazio que posso enxergar o quanto de sustentação eu construí em mim. O que todos os eventos que vivi me tornaram? Em que paisagem eu escolho deitar meu olhar?

Se eu me permito viver a vida com todos os acontecimentos que me vêm, optando pelo aprender, pelo autoestudo, pela curiosidade e criatividade em seguir novos caminhos, faço disso um pilar interno que me sustenta e me alinha.

Se eu me sustento, deixo o outro, deixo a criança se sustentar também. Se não me sustento, me dependuro nas pessoas e, ao mesmo tempo em que sobrecarrego o outro, não descubro a beleza de ser inteira.