Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

22 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo

 
Como vimos, o mundo não acabou. Desde os anos 70 ouço falar que o mundo vai acabar em alguma data. Espalha-se o medo. Lembro-me quando morei na comunidade de Nazaré: muitas pessoas querendo ficar lá nos 3 dias de escuridão que aconteceriam antes do fim do mundo. Nosso papel ali era retirar o medo, renovar a fé e esperança no Criador e mudar o foco para a luz.
 
Podemos, se quisermos, sair desse paradigma velho de destruição, virar o olhar para o que está surgindo de novo no mundo através de pessoas em todas as áreas - na ecologia, na conscientização do consumo, na reutilização dos bens, no querer se conhecer, principalmente em momentos de estresse, nos professores especiais de artes, de filosofia, nos professores especiais de crianças e adultos, na conscientização do que comemos e para que comemos, do que falamos e do que escutamos, na vontade de acertar e de respirar, no desejo e disciplina com relação à ética, no trabalho incessante pela paz interna e mundial, no trabalho de humanização das empresas para que elas sejam integradas à sociedade prestando serviços de qualidade.
 
Há muito sendo feito no mundo para que ele se transforme e cabe a nós escolhermos direcionar a nossa mente para esse novo que se vislumbra, que não separa, que integra, que respira num mesmo ritmo. E isso só é possível a partir de um ponto dentro de nós. É dentro de nós que nasce a centelha de vida que podemos manifestar no mundo, é lá que moram todas as possibilidades.
 
É assim que quero começar esse ano: depositando ainda mais minha certeza de que tudo está sob uma ordem cósmica inteligente.
 
 
Esse vídeo traz uma música tão linda que me emocionou e, por isso, coloco aqui para finalizar o ano com um momento que eleva nosso espírito.

Também deixo uma dica de um CD que traz uma delicadeza suave e bela com as músicas dos Beatles tocadas por instrumentos feitos por um dos integrantes do grupo que sabe como ninguém trazer o que há de sublime para embelezar o mundo.   -   Uakti - Beatles

 
 Não tenho nada a pedir a não ser que todos nós sejamos abençoados com o conhecimento, para nos afastarmos da ignorância e desejando que “todos os seres sejam felizes e vivam em paz para sempre” (da música de Márcio Assumpção).
 
 

16 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL



E assim estamos, então, perto de mais um Natal. Não entro nada nesse clima de compras e presentes, mas o clima está aí. Procuro fazer outras coisas que gosto muito e que dá aquele ar de leveza e abertura de coração. Outro dia fui a uma meditação de Natal, tão singela que é impossível não aquietar o coração. Almoçar com aquelas amigas que combinamos todo ano também é um bem enorme. Fui ver o Coral numa igreja de Campinas construída há 149 anos, que fica dentro do Hospital Santa Casa atrás da Prefeitura, que nem sabia que existia. Foi muito legal e tudo tinha um som de alegria.
 
E na Catedral de Campinas fui ver a Orquestra Sinfônica que tocou a beleza do silêncio. Também fui ao Satsanga do Instituto de Yoga. O tema esse ano foi a Gratidão. No fim foi lido um texto do Márcio Assumpção que coloco a seguir por partilhar essa onda de gratidão. E desejando que todos os seres sejam felizes no dia de Natal - e sempre.

 

Oração de Gratidão 

Pai,
Ensina-me a nada pedir e a ser grato por tudo
Gratidão
Pelo meu nascimento, pelas condições em que nasci e pela minha família.
Gratidão
Pela minha infância. Hoje eu sei que tive o que precisei para traçar a trajetória da minha vida.
Gratidão
Pela minha juventude. Hoje eu sei o quanto ser jovem me ensinou a ter coragem, arriscar e seguir em frente.
Gratidão
Pelos desafios da vida adulta. Estou aprendendo que cada obstáculo é uma lição para meu crescimento.
Gratidão
Pelos sucessos e pelos acertos. Estou aprendendo que é preciso ter humildade para acolher os bons frutos.
Gratidão também
Pelos insucessos e pelos erros não intencionais. Estou aprendendo que a Vida é dual e também é preciso ter humildades para colher as ações que plantei no passado.
Gratidão
Pelas pessoas que me querem bem, pois me ensinam a amar e me motivam a seguir em frente.
Gratidão ainda maior
Pelas pessoas que me veem como desafeto e criam obstáculos na minha vida, pois são essas pessoas que me impulsionam mudanças e transformações profundas.
Gratidão
Pela minha velhice, presente ou futura. Estou aprendendo que envelhecer me prepara para a grande passagem e me torna maduro e quem sabe, mais sábio.
O que pedir quando reconhecemos que tudo respeita uma ordem Universal?
Não tenho mais nada a pedir.
Só tenho a agradecer e reconhecer.
Pai, muito obrigada.
                                                                                      NAMASTÊ

13 de dezembro de 2012

Soltar


No livro “Meditando com os Anjos” escrito por Sonia Café, a Neide Inneco desenhou o Anjo do Desapego, sem asas, representando o desapego até mesmo de sua poderosa ferramenta que o fazia voar.

Porque a palavra desapego nos remete a algo pesado, quase impossível de se realizar?

Como desapegar de coisas que nos sustentam? Meu carro, minha blusa vermelha, meus cds, meu celular. Quando meu carro foi levado por duas pessoas que me deixaram ali literalmente “sem lenço, sem documento”, como diz Caetano, entrei em contato com esse desapegar. Por incrível que pareça, passado o susto e mais um tempinho para eu conseguir sair à rua normalmente, o que mais me fazia lembrar da perda eram meus livros que tinham ficado no carro. Era meu material de trabalho. Eu dava aulas com eles. Talvez eles simbolizassem para mim o conhecimento, aquilo que eu aprendera e que tentava ensinar para meus alunos. Mas isso nem aquelas duas pessoas e nem ninguém conseguem tirar de mim. Então, para que desaquietar minha mente com esses pensamentos?

Desapego então é descongestionar a mente, é deixá-la livre. Tudo aquilo que agita a mente é de certa forma um apego. Desapego tem um gosto de adeus, adeus aos objetos, às pessoas, aos velhos e improdutivos conceitos e às ineficientes formas de pensar.

Quantas vezes estamos vivendo um momento novo e não conseguimos deixar o momento velho ir embora, não conseguimos nos desapegar dele e ficamos com a energia estagnada de algo que já morreu, sem termos consciência que, se soltarmos o que não precisamos mais, isso significa justamente nossa libertação?

O desapego pode ser analisado de uma forma bem mais profunda. Seguramos, em nossa mente, mágoa de alguém por meses, anos, vidas. Não abrimos mão de nossos “achismos”. Não queremos ouvir o que o outro tem a dizer por medo de que ele nos convença que temos velhos pensamentos sobre o que é a vida. Não pensamos na possibilidade de que possamos estar errados e nos apegamos à nossa verdade, às nossas crenças. Apegamo-nos aos nossos julgamentos considerando que se o outro não pensa como eu, então sou melhor e ele tem de se modificar. Quantas vezes lemos alguma frase ou lemos algum livro e achamos que quem precisa daquilo é o outro?

Desapegar é deixar partir aquilo que não nos serve mais. Abrir espaços internos para o que já está vindo de novo. Desapegar é sair da posição de vítima, é parar de reclamar e se apropriar de sua própria vida, não deixando para o outro essa decisão. Desapegar é assumir-se como cocriador dos eventos que te acontecem e buscar a profunda compreensão deles, nos permitindo ver através das ilusões, através da dualidade de todas as coisas.

Bom, olhando para aquele anjo que a Neide, desapegando da imagem original do Jogo da Transformação e criando este, sem asas, pude constatar quanto ele é livre porque, uma vez assimilando esse valor, já não precisamos mais de recursos externos, porque aprendemos que dentro de nós já existem todas as possibilidades, todo o silêncio necessário para termos o desapego daquilo que não nos permite viver a paz mental que já está lá.