Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

27 de outubro de 2013

Problema

A mente humana é constantemente um campo de batalha com todas as variedades de emoções. Na verdade temos sempre 2 tipos de problemas: o problema relativo e o problema fundamental.

O problema relativo é aquele que tem começo, meio e, portanto, terá um fim. São problemas de insegurança, falta de riqueza, falta de reconhecimento, contas para pagar, falta de outras coisas, uma dor física, perda de trabalho, um relacionamento acabado, uma ruga a mais, a vizinha que brigou comigo, alguém querido morreu, a minha tristeza porque o outro não faz o que eu quero, a minha raiva porque tive uma expectativa frustrada e por aí vai. Todos esses problemas têm data de nascimento e, portanto, têm data para acabar. É um problema momentâneo - ontem você não tinha esse problema, hoje você tem e amanhã não o terá. Problemas relativos não têm fim, porque você elimina um e aparece outro. Relativamente em nossa vida nunca vamos conseguir estar livre de problemas. Temos que gerenciá-los e isso demanda uma capacidade. Em relação ao universo, as coisas nunca serão exatamente como você gostaria que fossem, porque outras pessoas também envolvidas pensam de uma outra maneira e vão lutar para que a outra maneira prevaleça. Então não tem como resolver todos os problemas relativos. De qualquer lado que formos teremos perdas e ganhos.

O problema fundamental é o de se sentir inadequado em qualquer situação, qualquer conquista. O mundo sempre vai apresentar situações para que eu não esteja completamente confortável e feliz comigo mesmo no nível físico, no emocional, no intelectual, com as pessoas ao meu redor, com reconhecimentos etc. O problema fundamental é descobrir a mim mesmo como um ser que é livre do sofrimento, descobrindo uma plenitude e uma totalidade em mim mesma, de forma que eu possa lidar com qualquer adversidade nesse mundo. Queremos ser felizes de uma forma definitiva. Então isso pode acontecer se eu descobrir uma paz comigo mesma, lidando com as situações externas do mundo de uma forma mais adequada, com tolerância frente às situações porque, basicamente, eu já estou confortável comigo mesma – eu já sou essa paz.

Não seremos completamente felizes resolvendo todos os tipos de problemas relativos. Vamos momentaneamente resolver problemas e isso dará um relaxamento, mas aí vamos adquirir outros problemas e resolvê-los. Aí aparece um novo relaxamento, mas, fundamentalmente, continuaremos da mesma maneira carentes, pois resolvendo os problemas não mudamos a percepção de nós mesmos. É necessário que conheçamos mais sobre nós mesmos. E o que somos realmente é um ser consciente das próprias emoções, do próprio corpo etc. Eu sou aquele que habita o corpo e que dá vida a esse corpo. E mesmo que esse corpo seja destruído, a consciência continua existindo.

Sofremos porque nos vemos como infelizes. O maior refúgio é a clareza mental, é a capacidade de discernir o que você está sentindo. Não é nem resolver o seu problema, é entendê-lo e a solução será uma consequência de seu entendimento.

Discernimos o problema quando dou uma direção em minha vida buscando não resolver os problemas do dia a dia, mas buscando um autoconhecimento, algo que me liberte de estar sempre tentando estar melhor do que estou agora, para que eu possa estar confortável comigo mesma, que eu possa me libertar dessa carência constante e aí descobrir uma satisfação em mim mesma.

Essa paz e totalidade em mim mesma faz com que desejos possam vir, possam brotar em mim. Eu posso satisfazê-los ou não satisfazê-los, mas eu continuo repleta comigo mesma. Quando o conhecimento de você mesmo e da paz que você é estiverem estabelecidos aí então você não oscila mais.
 
(trecho tirado da palestra de Glória Ariera)