Eu e Ed vamos achando formas nas nuvens que contam histórias. Chuvas fortes, fracas, todas lindas. E as estrelas, o planeta Vênus sempre primeiro, aparecem para enfeitar o céu.
O Ed sempre acompanha essa beleza com uma taça de vinho quase como querendo brindar um sentimento e se encanta com os milhões de anos luz de toda a história do universo.
Também sento lá sozinha e, naquela amplidão, fico filosofando sobre a imensidão desse universo e onde é que eu me encaixo nele. Agora mesmo depois de uma leve chuva estou aqui sentada e sentindo me misturar com a brisa suave da tarde, quase que me dando a resposta de onde é mesmo que me encaixo no universo.Então é quase como se minha mente estivesse em férias e saísse daquele pensar contínuo do dia a dia e pudesse contemplar coisas que não conseguimos fazer na correria da vida e que faz muita diferença para o nosso equilíbrio mental. Então, acho que dei férias para minha mente.
Coincidentemente, nas
palestras da Glória Ariera sobre a Gita (um dos maiores clássicos de filosofia
e espiritualidade do mundo) ela fala da importância de ter uma mente tranquila,
com mais objetividade, uma mente que pode viver o aqui/agora, encarar a
situação conforme ela está acontecendo sem ficar dependurado no passado e no
futuro. Essa mente mais simples e objetiva traz a capacidade de aceitação de
mim mesma, do universo e das pessoas.
E como tranquilizar nossa
mente mesmo quando não estamos em férias? Ficando consciente de algumas coisas
que agitam nossa mente e tentar reverter isso através da observação e do
conhecimento de como funcionamos.
O que agita nossa mente é,
por exemplo, esperar e necessitar o reconhecimento das pessoas por uma qualidade
que possuímos. O reconhecimento é muito bom. Quando recebemos um elogio a gente
relaxa, mas passa um tempo e lá estamos esperando, esperando um novo
reconhecimento. Para sentir esse relaxamento acabamos fazendo várias pequenas
ações para que isso aconteça, ocupando a mente desnecessariamente.
Outra coisa que agita a
mente é querer que o mundo perceba uma qualidade que não temos, porque eu mesmo
não aceito que eu não tenha. Imagine quantas manobras mentais temos que fazer
para atingir isso.
Agredir o outro com
palavras, reações, olhar crítico fazendo o outro se sentir acuado também agita
nossa mente porque temos que fazer várias coisas para estar no comando, pois
não aceitamos que as coisas sejam do jeito que as outras pessoas querem. As pessoas
têm o direito de ser o que elas escolheram ser e nós podemos escolher conviver
com elas ou não.
O desalinhamento com
relação ao que você fala, faz e sente também agita sua mente. A incoerência
rouba grandes momentos de sua vida. A desorganização da casa, das suas tarefas,
da sua vida, da parte financeira, dos
relacionamentos, a não clareza de até onde eu posso ir, até onde eu
permito que a outra pessoa vá, a incapacidade de decisões assertivas sobre mim
mesma... tudo isso são agitações na nossa mente.
Então, há várias áreas que
temos que descobrir onde é que está a agitação de minha mente. E para isso eu
tenho que ter tempo de pensar sobre isso, analisar para poder mudar o rumo de
minha vida e clarear os valores que eu quero ter. Se eu sei claramente quais
são esses valores, a vida se torna mais clara e mais fácil e eu tenho a
possibilidade de usar a minha mente para coisas que são muito mais profundas,
de uma realidade maior do que simplesmente as coisas do dia-a-dia.
Isso ajuda a ter uma mente
alerta, uma mente que está consigo mesma, sossegada e que tem um certo silêncio
de forma que eu possa descobrir que eu já sou esta paz que fico buscando a todo
momento. Com essa mente silenciosa sentimos que encaixamos perfeitamente nesse
universo todo que contemplo no terraço do meu apartamento.