Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

30 de janeiro de 2012

Presente

"Bom dia" é o que falamos quase que automaticamente quando encontramos as pessoas. Esse video nos leva a refletir sobre o que é um "bom dia", que presentes recebemos durante o dia, qual a nossa atenção e gratidão para tudo que nos acontece.

Pode ser uma boa dica para esse início de ano tanto ao fazermos promessas, quanto ao colocarmos metas para que sejam cumpridas até o final do ano. Talvez essa meta possa ir se concretizando todos os dias, todas as horas, todos os minutos, em todas nossas ações. 

Ficar atento a todas as coisas que vão passando por nós, para nós e dentro de nós é um modo para se chegar a qualquer meta que estabelecermos.

24 de janeiro de 2012

PERMANÊNCIA

Quando penso em “permanência”, num primeiro momento me vem a ideia de algo constante, que não muda, que permanece do mesmo modo por um tempo maior.

Outro dia, na prática de Yoga, o professor nos conduziu a uma postura que não tenho tanta dificuldade em fazer, mas, nesse dia, tive a sensação de que o professor não ia nunca mais passar para outra posição, parecia que estava ali por 15 minutos, o que não era verdade. Sentia meus músculos arderem. Tentava respirar e focar nessa sensação, mas minha mente saltava pensando, “tá demorando muito, talvez tenha que desmontar a posição antes do comando do professor”. Não conseguia relaxar na posição e não entendia o motivo, pois tinha feito esta postura antes com mais facilidade. Uma certa irritabilidade apareceu mesmo que eu fizesse respirações. E ficou aí esse conteúdo para eu me pesquisar, observar e aprender.

Claro que na minha auto-observação juntei essa experiência ao que estou vivendo no momento: meu pai em coma há quase três meses no hospital. A irritabilidade no exercício da permanência estava então ligada à minha necessidade de vivenciar essa permanência dolorosa da minha vida sem que nada pudesse fazer para mudá-la.

Permanecer numa situação em que você nada pode fazer pode te levar para um único lugar: para dentro de você mesma. E de lá podem surgir muitos conteúdos que você tinha certeza que já estavam assimilados, mas restavam alguns resquícios esperando o momento de serem integrados. Mas é também, lá dentro de você, que estão as ferramentas para elaborar esses novos (ou velhos)conteúdos. É lá que temos a possibilidade de ressignificar nossas crenças. Confesso que nesse período me desfiz de algumas crenças vazias, validei outras e adquiri novas. A flexibilidade interna precisou ser acionada, não sem alguma dor.

Ficar na permanência aqui pra mim está simbolizando reflexão, observação de meus sentimentos, paciência, não julgamento de mim mesma e de pessoas à minha volta, perdoar a mim mesma e me equilibrar nessa postura tão diferente que estou. Respirar é a chave. Meditar é chave. “Entregar, confiar, aceitar e agradecer” é a chave. O trabalho é profundo e exige uma verdade e uma concentração interna.

Uma das condições para se fazer uma postura no Yoga é a permanência que nos coloca física e mentalmente na disposição para que a postura aconteça. Os músculos precisam estar passivos. Claro que nessas posturas nossos músculos são colocados numa situação diferente das situações do nosso dia a dia, onde eles são encurtados.

No Yoga eles se esticam, relaxam, abrindo mais espaços, determinando nosso grau de flexibilidade. Quando estamos perto de seus limites, eles se contraem como uma forma de se proteger e nesse momento podemos permitir que eles se relaxem se pusermos nossa intenção nisso.

A cada expiração, podemos alongar um pouco mais. Assim podemos ir um pouco mais além sem violência e sem nos machucarmos.

Assim também quero ir um pouco mais além internamente, para abrir mais espaços dentro de mim e permanecer nessa contínua impermanência da vida.

14 de janeiro de 2012

Aniversário

19 de janeiro sempre foi um dia importante para mim. É quando celebro o dia que respirei pela primeira vez nessa existência, meu primeiro ato, minha primeira marca nesta história que agora chega aos 55 anos.

E a sensação é de que estou começando a segunda parte de minha vida, não como um declínio, mas como uma completude. O que vou fazer nessa outra fase? Onde vou me expressar? Que escolhas vou tomar para viver todos os eventos que vão aparecer? Como vou escolher viver os limites? São várias perguntas que surgem, como as que apareceram lá na adolescência, com a diferença de não ter mais ansiedade, de ter adquirido uma bagagem que me supre em todas as situações e, por isso, tenho agora uma sensação de liberdade extremamente agradável. Ufa! Como diz o professor Hermógenes, “sem as besteiras da juventude”.

Então hoje celebro esse dia perdoando... a mim mesma e as minhas experiências passadas, presentes e futuras.

Celebro desejando que toda minha ignorância seja retirada à medida que eu aprenda a acessar a verdade que já está em mim.

Celebro desejando que eu aceite as pessoas com suas diferenças olhando para o melhor delas mesmas.

Celebro a liberdade que tenho de fazer escolhas.

Celebro, aceito e agradeço todas as experiências que tive, tenho e terei entendendo que sou uma observadora de todas elas.

Celebro agradecendo aos meus pais que me deram esse corpo e todas as possibilidades para eu ser uma pessoa melhor.

Compartilho com vocês que carinhosamente me acompanham nesse blog. (20 min)