Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

17 de setembro de 2012

Saúde

“No Mud, No Lotus"   -   Thich Nhat Hanh
O corpo está o tempo todo se reorganizando e se equilibrando para ter saúde. Qualquer manifestação de doença é o corpo tentando se equilibrar de nossas desarmonias físicas, mentais, emocionais e espirituais. Podemos usar os momentos de doença como algo assustador e desânimo ou podemos nos aquietar, e olhar para isso como uma oportunidade de saber mais sobre nós mesmos e sobre como estamos vivendo, como estamos pensando, como estamos nos nutrindo, como estamos sentindo.

Bri Maya Tiwari fala em seu livro “O Caminho da Prática”:

“À medida que descobrimos mais sobre nós mesmos, sobre nossas forças e fraquezas, também aprendemos mais sobre o corpo, a mente e o espírito, e seu poder. Percebemos nossa capacidade inata de cura. Adotamos a convicção de que a doença se origina dentro de nós e, portanto a cura deve vir do mesmo lugar. A falta de paz, o desconforto ou a doença são razões suficientes para penetrarmos mais fundo dentro de nós mesmos, examinando onde é preciso fazer alterações para curar nossos corpos, nossos sentimentos ou nossas vidas.
 
Aceitamos a dor ou o desconforto como um trabalho a ser feito. Cada um de nós é um ser único, ninguém pode fazer o dever de casa em nosso lugar. Não podemos sequer depender da benevolência do universo para nos salvar. Ele nos dará apoio, nos fará enxergar onde foi que nós saímos do ponto de equilíbrio e sempre nos permitirá o realinhamento com esse ponto. Mas é preciso fazermos o trabalho de autoquestionamento e de cura apropriado para a nossa vida interior e exterior. Toda dor é um lembrete de que nos afastamos dos ritmos naturais da vida. Os obstáculos e desafios da vida cotidiana são oportunidades para aprender mais sobre você mesmo e seus pontos forte.”
 
Estive nesses últimos meses com problemas no meu ouvido o que me levou a ficar quieta, pois não podia ler ou ficar muito tempo no computador, não podia fazer certos movimentos e, portanto minha prática diária de Yoga teve que ser diferente, enfim estava vivendo uma limitação intensa e precisei respeitar isso. Então o jeito era me aquietar. 
 
Como me ensinou minha amiga Cristina, o jeito é a gente sentar na beira do rio e observá-lo correndo, ao invés de nos jogarmos na correnteza e nos perdermos. E assim fiquei, ouvindo o barulho do rio, pensando que a cura estava em mim mesma e que meu corpo estava mesmo se esforçando para voltar ao equilíbrio, mesmo que os remédios que eu tomava não davam nenhuma melhora.
Apesar disso durar 3 meses - e tinha dia que isso parecia ser infinito - eu sempre pensava que um dia isso ia passar, assim como tudo na vida.
 
Lembrei-me das várias vezes em que fiquei doente quando era criança. Primeiro eu nasci com um olho que lagrimejava e com um mês de idade o médico disse a minha mãe que faria uma pequena operação. Isso foi numa segunda-feira. No sábado, minha mãe foi à igreja Sta. Luzia e pediu por mim. Resultado, o médico no dia da cirurgia disse que não entendia, mas o problema tinha desaparecido. Depois, minha infância foi marcada de crises de bronquites e remédios. Minha mãe sempre me ensinou como viver uma crise. Pedia pra me acalmar e perceber que o remédio, o chá e a comida estavam entrando na corrente sanguínea e que a partir daí o corpo ia entender que era pra melhorar. E melhorava! Eu ficava quietinha na cama esperando a cura e ela sempre veio.
 
E eu acho que foi aí que entendi que nas horas que estamos doentes, precisamos nos aquietar, nos acolher. É um momento que podemos parar e pensar no que estamos comendo, no que estamos pensando, como estamos respirando, qual a qualidade de vida que estamos levando, que sentimentos estamos cultivando em nós. O que é mesmo essencial na vida é perceber se estamos vivendo em harmonia com a natureza.
 
“Quando permanecemos atentos a cada instante preenchendo nossos dias com as práticas nutrientes que regeneram o corpo, a mente e o espírito, curamos a nós mesmos e ajudamos os outros a se curarem.”