Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

5 de maio de 2014

SINCRONICIDADES

                                                                        Foto de Gabriel Romão
Estou lendo um livro muito interessante que se chama “The More Beautiful World Our Hearts know is Possible” de Charles Eisenstein. Ainda estou no começo, mas já me suscitou muitos sentimentos, pois fala o que nós como indivíduos podemos fazer num momento de crise social e ecológica para termos um mundo melhor. Como ações de coragem, bondade podem mudar culturas de separação. Ele diz da nossa necessidade de trazer para a consciência a sabedoria profunda que todos nós já temos, mas que está encoberta por nosso cinismo, nossa frustração, nossa paralisia e nossa impossibilidade de ver o mundo como um todo. 

Longe de ser um livro de autoajuda, nos lembra que somos todos conectados e que nossas escolhas nos sustentam como agentes de mudança e influências no mundo. Mostra como pode ser a nova “História das Pessoas”, já que a velha “História das Pessoas” com todas nossas instituições externas, nossa percepção básica do mundo, nossos sistemas de ideologias e crenças invisíveis que vivem uma crise ecológica é, assim como todas as crises, uma crise espiritual. Tudo que acontece no mundo está acontecendo a nós mesmos. 

A própria ciência já começa a confirmar que nós somos maior do que foi nos foi dito até agora. Somos um tipo de animal especial, possuímos cérebros que permitem transferência de informação genética e cultural. Somos o único a ter (na visão religiosa) uma alma ou (na visão científica) uma mente racional. No nosso universo mecânico, nós possuímos sozinhos consciência e recursos necessários para moldar o mundo de acordo com nosso desejo e colocamos assim a prioridade de ter coisas e segurança sem se ver fazendo parte de um todo que a tudo interfere.

Bom, o livro é instigante e desmonta nossas velhas crenças sobre qual é o nosso papel nesse universo e nos desafia a questionarmos nossas desculpas para não mudarmos a história de nossas vidas ou ainda fazermos um remendinho aqui, outro ali, mudando uma lei aqui, fazendo uma campanha ali, uma frase de efeito acolá, mas que, efetivamente, isso representa somente nossos velhos hábitos de nos enganar e encobrir algo muito mais urgente a ser feito, que é uma mudança de atitudes internas e externas.

E pensando nesses novos paradigmas fui fazer uma aula de Yoga do Bosque dos Italianos nesse domingo. Não conhecia o lugar e fiquei feliz de ver logo na entrada uma biblioteca para crianças chamada Monteiro Lobato. 

Conversando com uma pessoa que já morou naquele bairro, fiquei sabendo que foi por pressão dos moradores que foi construído, pela Prefeitura, esse espaço de leituras para as crianças. Campinas é tão pobre de jardins conservados, de livros, de bibliotecas, de espaços verdes e de segurança que ali tive uma sensação muito legal. 

Essa moradora me falava da tristeza de ver que quase não temos parques em Campinas, que as autoridades não têm a menor intenção de olhar para isso e nem mesmo para o ser humano. Estão muito mais preocupados em fazer a máquina funcionar, mesmo que essa máquina não traga nenhum beneficio às pessoas. Mas nessa conversa falamos também de exemplos legais acontecendo no mundo onde já há um olhar novo para um mundo melhor. Citei como exemplo o Schumacher College, que é uma universidade em Londres que reúne pensadores e ativistas de nível internacional para nos inspirar, desafiar e questionar como coabitantes do mundo a fazer as perguntas e encontrar conhecimento e buscar soluções para os desafios econômicos e sociais do século 21. Todos os cursos são profundamente ligados à terra em uma visão holística e ecológica.

Um outro lugar que mencionei foi Findhorn, uma eco vila no norte da Escócia onde tudo é construído dentro de uma consciência ecológica com o foco no ser humano e num futuro sustentável.

Citei também a Uniluz – aqui em Nazaré Paulista - que oferece experiências externas e internas com foco em mudanças de padrão de consciência.

Enfim, falamos sobre coisas acontecendo que podem escrever essa nova “História das Pessoas” de que o livro que estou lendo está falando.


                                                                    Fotos de Gabriel Romão
Fazer Yoga naquele lugar cheio de árvores com o sol se infiltrando entre elas foi uma comunhão comigo mesmo e com a Natureza. E no final, o Diogo, professor de Yoga, cantou um poema que já coloquei nesse blog, mas repito aqui pela sincronicidade com tudo que contei. Tudo conectado fora de mim e dentro de mim.

 
Mãos
Mãos que abençoam e fazem o Bem
Mãos que trabalham e não se detém
Mãos que amorosa e a todos amparam
Mãos que rezam e sempre rezaram
Mãos que se elevam num gesto profundo
São dessas mãos que precisa o mundo
Mundo que faz a cura estar
nas mãos de quem sabe doar Amor
Amor.... Amor... Amor...