Ok, ok, mais um ano se
foi e o ano novo começa. Mas no fundo no fundo não é um dia que faz com que a
gente mude de postura diante da própria vida, que renove propósitos, que
atualize sentimentos, que perdoe pessoas
e a nós mesmos e que se livre de velhos hábitos. Tudo isso é um processo que
precisa de uma determinação e permanência na postura.
E por que queremos mudar
alguma coisa em nós ou em nossa vida?
Muitas vezes buscamos segurança, uma casa, um emprego etc e esse desejo
toma uma grande parte de nosso tempo e nos dá a sensação de estarmos protegido.
Buscar condições para viver a sua missão, ajudar sua família, a sociedade é um
ato muito importante, mas quando conseguimos isso percebemos que ainda não
estamos assim tão felizes e fica faltando algo mais. E, porque estamos seguros,
começamos então a buscar prazer, desejo, divertimento, a realização dos
sentidos. E isso também é muito importante. Mas ao colocar o foco da vida nesses
dois pilares – segurança e prazer - chega um dia que questionamos o nosso
comportamento para a aquisição disso e ainda assim há uma espécie de vazio que vamos
camuflando, tentando conseguir mais segurança e mais prazer e tendo como
resultado mais insatisfação. Por que
será? Conquistamos tudo que pretendíamos,
adquirimos tudo que sonhamos e ainda assim, um vazio permeia nosso ser.
Acho que nesse momento
entra o dia do ano novo, quando fazemos um balanço de como estamos vivendo
nossas vidas e achamos que precisamos mudar. Pensamos se as nossas atitudes
para adquirir segurança e prazer são adequadas, se não ferimos nós mesmos e/ou
outras pessoas, se não roubamos todo nosso tempo focando só esses dois pilares,
se conseguimos olhar para outras facetas da vida, para nosso corpo físico,
nossa área familiar, psicológica, intelectual, social, íntima, espiritual.
Começamos a questionar os valores universais – aqueles que são verdades aqui,
na China ou no Himalaia hoje, ontem e amanhã.
A coerência com que
usamos esses valores e as ações em nossas vidas é a mesma quando analisamos a
vida dos outros? Será que a vida que levamos está fazendo sentido neste
momento? Com certeza, o que esperamos das pessoas, elas também esperam de nós. A
vida, a nossa maneira de ser é adequada com a nossa história, nossas experiências, com a estrutura onde
vivemos? Há ferramentas dentro de nós para que possamos mudar alguma coisa?
Esses são os questionamentos
que, geralmente, aparecem neste último dia do ano. Mas isso não quer dizer
mudança e sim uma constatação de que se sentir insatisfeito com a nossa vida não
é o resultado que queremos nem para o final do ano, nem para o início do ano e
nem para o resto de nossas vidas.
Então como começar esse
processo de entendimento de mim mesma para que o se sentir satisfeito aconteça naturalmente?
Não dá pra forçar estar satisfeito, ser completo, ter novos hábitos, perdoar etc. Isso tudo é consequência de um entendimento
de como funcionamos e que sistemas de crenças estão por trás de comportamentos
inadequados que afloram tanta dor.
É preciso entender como nossa
mente funciona, como eu reajo quando as coisas não acontecem como minha mente
gostaria e como reajo quando acontecem exatamente como ela queria.
Algumas coisas podemos
mudar, outras precisamos ainda ganhar maturidade. E maturidade é quando eu
percebo que não sou o centro precisando de todo mundo o tempo todo para que eu
me sinta amada e aceita. Maturidade é quando eu adquiro capacidade de
contribuir. Só nos tornamos uma pessoa completa quando contribuímos, saindo um
pouco de nós mesmos e das nossas necessidades e olhando para a outra pessoa,
não pelo que eu quero dessa relação, mas por quanto eu posso contribuir, o
quanto posso acomodar essa pessoa dentro de mim.
Dessa forma, entendemos
que fazemos parte de um todo. A pessoa inteira que eu sou, eu acolho. O que
puder transformar, eu transformo. Mas, antes de transformar, a primeira coisa
que faço é modificar a minha mente que é a causadora dos problemas. Mas é ela
também que vai nos levar a compreensão do que é o Real, o Absoluto ou seja lá
que nome damos àquilo que fundamentalmente você é.
A compreensão de como
nossa mente funciona e a percepção de que algo mais envolve tudo o que somos é que transforma
completamente nossa vida. A gente não se vê isolado mas, sim, encaixado numa
ordem cósmica completa onde temos um papel a cumprir.
O que faz nossa vida
significativa é apreciar o melhor de nós mesmos, aceitando a pessoa que somos e
transformarmos nossa mente no que for possível.
Assim, a transformação não se faz em um dia. O que pode haver é sim uma
intenção e, a partir daí, um processo intenso de determinação e de amor.
Desejo para 2015 e
sempre que todos os seres sejam felizes.
Desejo a você
Márcio Assumpção
Desejo a você
que seu “ancoramento”
seja maior que a distração
que sua coragem seja
maior que o medo
que sua iniciativa seja
maior que a inércia.
que haja mais
compreensão do que críticas
que haja mais entrega do
que egoísmo.
Desejo que sua força
para mante e construir qualquer coisa
seja maior que a
fraqueza para destruir
e mesmo que destruam o
que você construiu
que sua força para
recomeçar seja maior que a mágoa.
Desejo que a sua busca
por autoconhecimento
seja maior do que o medo
de se olhar
que a fé seja maior que a crença
que a compaixão seja
maior que a pena.
Desejo que o seu escutar
seja maior que o falar
que o seu cantar seja
maior que o gritar
que o silêncio o conduza
ao encontro do Absoluto.
Desejo a você
que tenha desapego para
deixar o passado passar
que tenha calma para
deixar o futuro chegar
e que tenha sabedoria
para viver o presente.
Desejo que o seu maior
“desejo”
Seja o de se libertar do
egoísmo e se abrir para a luz interior.
Om Tat Sat.