Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

30 de dezembro de 2014

2015


Ok, ok, mais um ano se foi e o ano novo começa. Mas no fundo no fundo não é um dia que faz com que a gente mude de postura diante da própria vida, que renove propósitos, que atualize sentimentos, que perdoe  pessoas e a nós mesmos e que se livre de velhos hábitos. Tudo isso é um processo que precisa de uma determinação e permanência na postura. 

E por que queremos mudar alguma coisa em nós ou em nossa vida?  Muitas vezes buscamos segurança, uma casa, um emprego etc e esse desejo toma uma grande parte de nosso tempo e nos dá a sensação de estarmos protegido.

Buscar condições para viver a sua missão, ajudar sua família, a sociedade é um ato muito importante, mas quando conseguimos isso percebemos que ainda não estamos assim tão felizes e fica faltando algo mais. E, porque estamos seguros, começamos então a buscar prazer, desejo, divertimento, a realização dos sentidos. E isso também é muito importante. Mas ao colocar o foco da vida nesses dois pilares – segurança e prazer - chega um dia que questionamos o nosso comportamento para a aquisição disso e ainda assim há uma espécie de vazio que vamos camuflando, tentando conseguir mais segurança e mais prazer e tendo como resultado mais insatisfação.  Por que será?  Conquistamos tudo que pretendíamos, adquirimos tudo que sonhamos e ainda assim, um vazio permeia nosso ser.

Acho que nesse momento entra o dia do ano novo, quando fazemos um balanço de como estamos vivendo nossas vidas e achamos que precisamos mudar. Pensamos se as nossas atitudes para adquirir segurança e prazer são adequadas, se não ferimos nós mesmos e/ou outras pessoas, se não roubamos todo nosso tempo focando só esses dois pilares, se conseguimos olhar para outras facetas da vida, para nosso corpo físico, nossa área familiar, psicológica, intelectual, social, íntima, espiritual. Começamos a questionar os valores universais – aqueles que são verdades aqui, na China ou no Himalaia hoje, ontem e amanhã.

A coerência com que usamos esses valores e as ações em nossas vidas é a mesma quando analisamos a vida dos outros? Será que a vida que levamos está fazendo sentido neste momento? Com certeza, o que esperamos das pessoas, elas também esperam de nós. A vida, a nossa maneira de ser é adequada com a nossa história,  nossas experiências, com a estrutura onde vivemos? Há ferramentas dentro de nós para que possamos mudar alguma coisa? 

Esses são os questionamentos que, geralmente, aparecem neste último dia do ano. Mas isso não quer dizer mudança e sim uma constatação de que se sentir insatisfeito com a nossa vida não é o resultado que queremos nem para o final do ano, nem para o início do ano e nem para o resto de nossas vidas.

Então como começar esse processo de entendimento de mim mesma para que o se sentir satisfeito aconteça naturalmente? Não dá pra forçar estar satisfeito, ser completo, ter novos hábitos, perdoar etc.  Isso tudo é consequência de um entendimento de como funcionamos e que sistemas de crenças estão por trás de comportamentos inadequados que afloram tanta dor. 

É preciso entender como nossa mente funciona, como eu reajo quando as coisas não acontecem como minha mente gostaria e como reajo quando acontecem exatamente como ela queria.

Algumas coisas podemos mudar, outras precisamos ainda ganhar maturidade. E maturidade é quando eu percebo que não sou o centro precisando de todo mundo o tempo todo para que eu me sinta amada e aceita. Maturidade é quando eu adquiro capacidade de contribuir. Só nos tornamos uma pessoa completa quando contribuímos, saindo um pouco de nós mesmos e das nossas necessidades e olhando para a outra pessoa, não pelo que eu quero dessa relação, mas por quanto eu posso contribuir, o quanto posso acomodar essa pessoa dentro de mim.

Dessa forma, entendemos que fazemos parte de um todo. A pessoa inteira que eu sou, eu acolho. O que puder transformar, eu transformo. Mas, antes de transformar, a primeira coisa que faço é modificar a minha mente que é a causadora dos problemas. Mas é ela também que vai nos levar a compreensão do que é o Real, o Absoluto ou seja lá que nome damos àquilo que fundamentalmente você é.

A compreensão de como nossa mente funciona e a percepção de que algo mais  envolve tudo o que somos é que transforma completamente nossa vida. A gente não se vê isolado mas, sim, encaixado numa ordem cósmica completa onde temos um papel a cumprir.

O que faz nossa vida significativa é apreciar o melhor de nós mesmos, aceitando a pessoa que somos e transformarmos nossa mente no que for possível.  Assim, a transformação não se faz em um dia. O que pode haver é sim uma intenção e, a partir daí, um processo intenso de determinação e de amor.

Desejo para 2015 e sempre que todos os seres sejam felizes.

Desejo a você
Márcio Assumpção

Desejo a você
que seu “ancoramento” seja maior que a distração
que sua coragem seja maior que o medo
que sua iniciativa seja maior que a inércia. 
Desejo que os seus sentimentos sejam baseados no amor
que haja mais compreensão do que críticas
que haja mais entrega do que egoísmo.
Desejo que sua força para mante e construir qualquer coisa
seja maior que a fraqueza para destruir
e mesmo que destruam o que você construiu
que sua força para recomeçar seja maior que a mágoa.
Desejo que a sua busca por autoconhecimento
seja maior do que o medo de se olhar
que a fé  seja maior que a crença
que a compaixão seja maior que a pena.
Desejo que o seu escutar seja maior que o falar
que o seu cantar seja maior que o gritar
que o silêncio o conduza ao encontro do Absoluto.
Desejo a você
que tenha desapego para deixar o passado passar
que tenha calma para deixar o futuro chegar
e que tenha sabedoria para viver o presente.
Desejo que o seu maior “desejo”
Seja o de se libertar do egoísmo e se abrir para a luz interior.
Om Tat Sat.

23 de dezembro de 2014

CELEBRAÇÃO

Aqui estamos novamente vivendo o “dezembrite” que escrevi o ano passado. Agitação física, emocional, mental. Adoro o mês de dezembro, mas corro desse tipo de agitação. 

Lembro-me de natais na casa de minha avó em Americana onde a grande alegria era o encontro de pessoas que não se viam há tanto tempo. Quando chegávamos na cidade, meu avó nos pegava na estação de charrete. Para mim era esse o trenó do Papai Noel. Atravessávamos a cidade naquela música do trotar do cavalo e, ao chegar, minha avozinha nos esperava com muita alegria.  Não, não tinha presentes, amigos-secretos, era só mesmo a alegria do encontro. 

Eu gostava e gosto dessas coisas simples e tão simbólicas. A arte do encontro.  Hoje com tanta agitação, muitos presentes e pouco encontro, vamos nos perdendo na nossa própria ignorância, no nosso esquecimento e ocupando nossa mente e nosso tempo fazendo as mesmas coisas de todos os natais e, depois, colocamos fotos no Facebook para compartilhar nossa felicidade com pessoas que quase esquecemos que existem.

Claro que não é sempre assim. Claro que celebramos o Natal como podemos, como imaginamos e com quem quisermos.  Eu quero viver esse momento não esquecendo do ensinamento de amor que recebemos através dos tempos, e através de pessoas chaves que tivemos no nosso caminho. Pessoas que nos marcaram de alguma forma porque olharam para você de forma especial, conseguiram ver em você aquilo de melhor que você expressa.

Quando olho, vejo muitas pessoas assim pelo caminho da minha vida. Ainda essa semana encontrei uma amiga de faculdade – a Ester – após 30 anos.  Muita de minha base espiritual eu ouvi pela primeira vez dessa menina doce e alegre nos seus 20 anos. Confesso que não entendia muito bem, mas como semente ficou ali para florescer muitos anos depois. Que coisa incrível! Fiquei tão feliz de encontrá-la e poder dizer “muito obrigada”– foi um grande presente de Natal.

Também celebrei esse Natal com um lindo Satsanga lá no Instituto de Yogaterapia, tendo oportunidade de, além de encontrar pessoas que comungam as mesmas ideias, refletir sobre os nossos cinco sentidos como uma graça recebida para podemos nos expressar e observar o mundo.

Também tive um outro encontro, que fazemos todo ano, com amigas de longa data onde trocamos boas risadas e oferendas simples e sublimes.

Como parte dessas celebrações também incluiria o Jogo da Transformação, que facilitei esse mês, tendo oportunidade de compartilhar nossas experiências. Nesse pacote incluo, claro, minha formação em Findhorn, na Escócia, e minha viagem para Totnes na Inglaterra. 

O último dia de aula de inglês de todos os alunos, quando eles tiram as cartas de “anjos” para o ano seguinte, também é bem especial para mim. É como se fosse um fechamento integral de conhecimento e de trocas de vivências. 

Meus encontros com minha mãe aos sábados, onde aprofundo nossas intimidades, me fizeram  um bem enorme esse ano porque acabo liberando dores familiares que já não preciso mais, além de exercitar novas expressões de amor.

Viver um ano de paz, apoio, leveza e boas risadas com o Edmilson também é um presente de Natal todos os dias.

Tudo isso coroado de boa música na Lagoa do Taquaral com coral de crianças cantando “Noite Feliz” e uma soprano cantando “Ave Maria” em meio a chuviscos de verão abençoando tudo, foi uma emoção de vibrar o coração.

Estou pensando aqui que o Natal não é só em dezembro, ele se espalha por todo o ano.  A todo tempo temos momentos que nos marcam e que nos proporcionam uma abertura no coração e que nos protegem de nossa própria ignorância.

Acho que celebração então é isso. É marcar com alegria e expansão no coração momentos e vivências que nos fizeram aprofundar e nos conhecer melhor.  Ao celebrar, registramos na alma essa experiência da abundância que nos dá uma sensação de pertencimento, de conexão.

Que o ano que se inicia seja de inspiração para todos nós para reconhecermos esse espírito de amor em cada dia, em cada situação, a cada encontro. Que possamos sair do nosso mundinho pequeno e olhar para a imensidão dessa bênção recebida que é a nossa própria vida e que, à medida que olharmos para dentro, possamos tirar a nuvem que cobre nossos olhos e obstrui o nosso caminhar, olharmos somente para o essencial. 

Abaixo uma poesia/oração de Márcio Assunção lida no Satsanga.

 Oração de Gratidão

Pai,
Ensina-me a nada pedir e a ser grato por tudo
Gratidão
Pelo meu nascimento, pelas condições em que nasci e pela minha família.
Gratidão
Pela minha infância. Hoje eu sei que tive o que precisei para traçar a trajetória da minha vida.
Gratidão
Pela minha juventude. Hoje eu sei o quanto ser jovem me ensinou a ter coragem, arriscar e seguir em frente.
Gratidão
Pelos desafios da vida adulta. Estou aprendendo que cada obstáculo é uma lição para meu crescimento.
Gratidão
Pelos sucessos e pelos acertos. Estou aprendendo que é preciso ter humildade para acolher os bons frutos.
Gratidão também
Pelos insucessos e pelos erros não intencionais. Estou aprendendo que a Vida é dual e também é preciso ter humildades para colher as ações que plantei no passado.
Gratidão
Pelas pessoas que me querem bem, pois me ensinam a amar e me motivam a seguir em frente.
Gratidão ainda maior
Pelas pessoas que me veem como desafeto e criam obstáculos na minha vida, pois são essas pessoas que me impulsionam mudanças e transformações profundas.
Gratidão
Pela minha velhice, presente ou futura. Estou aprendendo que envelhecer me prepara para a grande passagem e me torna maduro e quem sabe, mais sábio.
O que pedir quando reconhecemos que tudo respeita uma ordem Universal?

Não tenho mais nada a pedir.        
Só tenho a agradecer e reconhecer.
Pai, muito obrigada.

30 de novembro de 2014

AULAS



Quando criança, por não ter outras crianças por perto, brincava com crianças imaginárias. Eu era a professora e elas as alunas. Repetia tudo que a minha professora da escola havia me ensinado. Foi só depois de trabalhar na 3M por 12 anos, ter uma experiência por 3 anos na comunidade de Nazaré e viver em Londres por 1 ano que comecei  minha caminhada, justamente como professora de inglês, o que faço há 19 anos.

No início, as aulas nas empresas e na Unicamp eram divididas com mais duas professoras. Revezávamos a cada duas semanas, o que para os alunos era interessante, pois tinham um professor diferente a cada duas aulas. Foi uma experiência linda, já que não havia muitos professores dando aulas nas empresas. Trago boas recordações daqueles momentos.

Depois a vida nos separou e eu comecei a minha caminhada solo. Minha grande inspiração foram meus professores Liz e John Soars, autores do método Headway. Suas aulas em Londres eram dinâmicas, leves e cheia de entusiasmo contagiante. Eles viam os alunos como pessoas com potencial e, mesmo fora das aulas, faziam parte de nossas vidas e se interessavam por quem éramos.

Comecei a pensar nessas coisas porque reencontrei uma das professoras, Helena, com quem trabalhei e foi um lembrar intenso de todos esses anos de aulas. Nos lembramos de como tudo começou e de como nosso entusiasmo nos guiou. Tínhamos um sonho, mas não sabíamos que esse sonho nos levaria ao nosso próprio autoconhecimento. E o grande foco para isso foram os alunos todos que passaram por nós.  Posso dizer que  foram pessoas marcantes em minha vida, na decisão do que eu queria fazer e como eu faria.

Foram cerca de 23.500 aulas nesses anos todos e aprendi tanto com os alunos que, confesso, me transformei numa outra pessoa. Sentir-se realizada no trabalho significa que o que fazemos tem um sentido maior do que simplesmente ganhar dinheiro. É sentir que há um propósito e um significado. E hoje eu não conseguiria fazer nada mais sem isso. Como assim trabalhar só por causa do dinheiro? Pagar contas no final do mês e trabalhar novamente para pagar outras contas de necessidades criadas por uma sociedade sem consciência? Não, não conseguiria trabalhar sem sentir que estou contribuindo para a vida num sentindo mais profundo. Bom, mas isso é papo para um outro post.

Como num filme, lembro de olhos de alunos espantados ao perceber que assimilaram algo que não tinham conseguido assimilar, alunos orgulhosos por conseguirem dar os primeiros passos nesses caminhos de palavras até então desconhecidas que se juntam umas às outras numa gramática diferente, dançando num som nunca ouvido e revelando uma outra cultura. Alunos cuja autoestima melhorou porque se sentiram capazes de ir além de onde estavam. Alunos que conseguiram olhar para dentro e perceber onde é que estava o bloqueio que o impedia de ver outra língua. Alunos que choraram de alegria por descobrirem que eram capazes de dar um salto na língua inglesa e, consequentemente, em suas vidas.

Tive várias oportunidades de ouvir suas histórias tão interessantes de vida. Alunos que entraram e saíram de doutorados, que entraram e saíram das empresas, que se mudaram para fora do país, alunos com dúvidas, com preguiça, com vontade. Alunos que, depois de superaram uma crise existencial, se sentiram em paz. Foram muitas as histórias...  Como eu não sabia muitas vezes o que dizer, eu fazia perguntas e eles respondiam e se descobriam capazes. Capazes de ir mais além.

Aprendi que quanto mais eu escutava, mais eu aprendia a ser professora e que o conteúdo de uma aula só pode ser passado se ele estiver ligada à própria vida. Aprendi que não existe o professor, o aluno, o conteúdo e a vida separados entre si. Tudo é junto e só assim faz algum sentido. Aprendi que só se ensina o que se vive, e que a palavra tem que viajar de uma boca a um coração, pois o que se atinge é o coração da palavra.

Aprendi que o professor só ensina quando o aluno cede e se solta, se não o aprendizado não flui. O conhecimento não vem de uma pessoa, mas dessa fluidez onde professor e aluno aprendem e ensinam ao mesmo tempo.

Quando eu era criança as pessoas me perguntavam: "O que você quer ser quando crescer?" e eu dizia: “Quero ser aluna”.  E o sonho se concretizou. À medida que trabalho como professora me torno mais aluna. Aluna da vida. 

Cora Carolina diz: “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

9 de novembro de 2014

JOGO DA TRANSFORMAÇÃO



"Somos 100% responsáveis pela forma como reagimos a tudo que
acontece em nossas vidas"

 Estive em Findhorn – uma comunidade no norte da Escócia, em julho, e de lá saí com a certeza que voltaria para fazer o treinamento de facilitador para o Jogo da Transformação. Não sabia que seria tão cedo. Pois é. Voltei em outubro e concluí o treinamento. Estou credenciada por Findhorn para facilitar o jogo. Sentimento de gratidão eterna.

Conheci o Jogo da Transformação quando morei na comunidade de Nazaré em 1990. Sara Marriot, que tinha morado em Findhorn por 12 anos antes de vir para o Brasil morar em Nazaré, trouxe com ela uma caixa do Jogo. Começamos a usá-lo entre nós. Depois resolvemos oferecer um workshop para os hóspedes e acabei, junto com minha amiga Debra, que também morava em Nazaré, focalizando muitos grupos. Foi uma experiência profunda, mesmo com as regras que usamos naquela época, que eram as mais simples. Por isso quis fazer o treinamento para conhecer as regras mais expansivas do jogo.

Mas, afinal, as pessoas têm me perguntado, o que é esse Jogo da Transformação? Então resolvi colocar aqui no blog.

"A transformação não é algo que simplesmente acontece. É um estilo de vida. Não é um processo, é um valor. Não é algo que você faz, mas algo que o envolve por inteiro".

O problema fundamental é que nos sentirmos inadequados nas situações e assim sempre vão existir razões para nos sentirmos mal. O mundo sempre vai apresentar situações para que eu não esteja completamente confortável e feliz comigo mesmo, nos níveis físico, emocional e intelectual. O caminho então é se reconhecer como o ser ilimitado que somos e isso é possível através do autoconhecimento, do reconhecimento daquilo que me trava para eu me expressar no mundo, das qualidades que possuo e da capacidade que tenho para desenvolvê-las. Conhecer-se cada vez mais é o caminho para lidar com quaisquer adversidades nesse mundo. E, a partir de um lugar dentro de nós, podemos nos libertar das coisas que nos assombram, nos limitam e nos causam sofrimento.

Assim, através do jogo da Transformação temos a oportunidade de clarear assuntos importantes, resolver conflitos, melhorar relacionamentos de uma forma criativa, liberar algum padrão que criamos quando criança para nos proteger e que agora não tem mais utilidade e ainda assim o carregamos e usamos nos nossos relacionamentos. Liberar padrões que não nos servem mais alivia nosso coração, melhora as relações e nos leva para uma vida mais expansiva e criativa. Durante o jogo você pode permitir que mudanças de como conduzir suas vidas ocorram com maior facilidade, olhando para os tipos de experiência que você cria. É uma forma profunda e divertida de trazer luz, abertura e amor para sua vida.

O Jogo da Transformação é um jogo mesmo onde, através de cartões, tabuleiro, dados e nossa disposição em partilhar experiências recriamos simbolicamente o nosso caminhar pela vida. E nesse caminho vamos encontrando insights, desafios, dores e milagres, adquirimos novas perspectivas, revemos padrões de comportamento, reconhecemos nossas qualidades, praticamos a apreciação e o serviço ao outro, exercitamos nossa intuição e nosso livre arbítrio, recebemos feedback do universo, exploramos novas possibilidades e nos transformamos.
Cada jogo pode ter até 4 jogadores com uma duração mínima de 6 horas.

                                 Fica aqui o convite a quem tiver interesse.

17 de agosto de 2014

COMIDA BOA


Almoço em Findhorn - Reverência
Há muitos prazeres no nosso dia a dia. Estou em um momento de minha vida em que procuro perceber o prazer em tudo que está a minha volta. Já faz algum tempo que não tenho essa divisão entre o momento em que eu estou me divertindo e o momento em que estou trabalhando. Não tenho aquele sentimento de que o domingo à noite seja uma divisão entre o prazer e o desprazer. 
Durante minha rotina, às vezes estou dando aulas, outras vezes estou dirigindo e ouvindo música, limpando minha casa, outras vezes fazendo Yoga, meditando no meu quarto, tomando banho, cozinhando, mais aulas, andando com o Ed na lagoa do Taquaral e falando sobre os mais diversos assuntos, às vezes me vejo falando com o porteiro do prédio, outras com vizinhas queridas, às vezes estou almoçando, outras me descabelando em frente ao computador, outras tomando chá, outras vezes  comendo pão de queijo na Unicamp, outras estou com minha mãezinha de 92 anos dando uma volta no quarteirão, e aí a semana passa e nem sinto que acaba porque as coisas vão acontecendo. Mas, no fim, tudo é uma coisa só temperado com ingredientes que vou escolhendo e experimentando.

Enfim não há mesmo uma divisão nas coisas do dia a dia. Mas o que mais gosto mesmo de fazer - e é quase um hobby - é extrair de cada uma dessas atividades a beleza que está escondida nelas, mas que, ao percebê-la, ela se torna tão evidente que me espanto ao notar que ela estivera sempre lá. 

Estava pensando isso hoje na cozinha enquanto preparava o almoço. Comprei uma panela Wok (uma panela milenar e de origem asiática) e fiquei pensando como é que tinha cozinhado até agora sem ela. Fora todas as qualidades dela que todos já conhecem, ela tem um formato que faz a gente ter uma visão da comida muito mais integrativa.

Fiquei pensando que uma geração vai transmitindo uma receita ou um modo de cozinhar para outra geração. Ali mesmo, cozinhando me percebia fazendo coisas que minha mãe, minha avó, minha amiga, minha vizinha fazem.

Aí estava eu cozinhando as batatas com espinafre que iam mudando de cores e cheiros à medida que colocava temperos que foram descobertos muito longe de meu país, por exemplo. Senti estar conectada com todas as gerações que vieram antes de mim e agradeci colocando um pouquinho mais de água. O fogo que transforma fazia com que toda a comida soltasse uma musicalidade que toda a humanidade já ouviu. E eu fiquei ali me deliciando, através de meus 5 sentidos, nessa misturas de sabores, texturas, aromas e música. E ainda pensava na abundância desse planeta que dá tantos alimentos de formas, cores, cheiros e texturas diferentes e quantas pessoas foram necessárias para que aquela minha panela na minha frente estivesse me alimentando. Bem dizem os indianos que os alimentos são mediadores de comunicação entre os homens e os deuses.

À medida em que procuramos as receitas, vamos também procurando nossos antepassados, nossa história, nossos valores de vida, a consciência de que nosso corpo faz parte desse planeta, já que somos feitos da mesma substância. 

Procuramos receitas que nos dão prazer, que têm a ver com a gente. Eu, que sou vegetariana há 33 anos, procurei na Internet e achei o blog chamado “Presunto Vegetariano” http://presuntovegetariano.com.br/ . É um nome divertido, já que quando perguntamos se há alguma coisa sem carne, as pessoas respondem: “Tem esse de presunto e queijo”  Adorei a Paula Lumi que tem antepassados asiáticos e que fala com tal delicadeza sobre os alimentos e do ato de cozinhar que me identifiquei com ela. Até escrevi pra ela dizendo: “Não sei o que gosto mais, se das receitas ou do seu jeito de lidar tão carinhosamente com os alimentos.” E acrescentei uma frase que está rolando no Facebook, da qual desconheço o autor: “Tem gente é que tão bonita por dentro que desconfio que come flores.”

E assim, na rotina de minha vida, vou acrescentando outros ingredientes que vêm do meu passado, ou que penso que crio ou que ensino no presente. E vou aprendendo. E vou me conectando com “a beleza que nutre nosso corpo, mente e alma; cura nosso coração, alimenta nosso intelecto; e é a fonte de benções da satisfação e realização.” (Satish Kumar)
Ah sim, a batata com espinafre que a minha amiga Carmem, que mora em Londres, me ensinou ficou deliciosa. O quibe de berinjela da Paula Lumi também ficou ótimo. Ficou hoje, não sei se ficará da próxima vez, “porque tem dias que eu acerto, e tem dias que eu erro. E é nos erros e acertos que vou me aperfeiçoando e transformando tudo em verdadeiras obras de arte” (Elaine L.A. Eugelbi).

26 de julho de 2014

TOTNES

Eu estava em Totnes, uma cidade no sul da Inglaterra, assistindo a uma palestra quando minha amiga Mirella me convidou para ir no Schumacher College, onde havia uma sala com uma tv e algumas pessoas estavam assistindo ao jogo de futebol entre Brasil e Alemanha. Eu que nem ligo para futebol, aceitei e lá fomos nós, não sem antes passar pelos maravilhosos jardins da escola.




Quando entramos na sala ouvi um “goooool” que vinha da televisão. E eu, apressada, disse a Mirella que seria do Brasil. Mas não era. Era o quinto gol da Alemanha. Fiquei muito surpresa e comecei a prestar atenção ao jogo. Na sala onde eu estava havia mais pessoas de outras nacionalidades e a cada gol, diziam: “Oh, no, I’m sorry!”  E eu alí de boca aberta ouvindo o narrador da televisão dizendo: “It is amazing, Brazilian gave up” (Inacreditável, os brasileiros desistiram).  

Ele falou tantas vezes “os brasileiros desistiram” que aquilo começou a me incomodar e a doer no peito. Ele não dizia que os “jogadores desistiram”, eles diziam “os brasileiros desistiram”. Aquilo foi doendo, doendo e percebi, naquele sétimo gol que eu também havia desistido de meu país.

Para me proteger fui me fechando com desmandos de políticos e policiais, impunidades, corrupção, violência de todos os níveis, falta de delicadeza entre pessoas, radicalidades políticas com discursos velhos e ineficientes, desgoverno, confusão de valores entre as pessoas, a insensibilidade diante da desigualdade, a ignorância diante da natureza etc. etc. etc.

Como que as pessoas não estão gritando de indignação com tudo isso? Como que nós brasileiros nos separamos em nossas pequenas ideias egoicas colocando o país numa roleta russa? Como as pessoas não estão gritando ao ver nossa floresta sendo devastada, nossas crianças sem educação, com o número de pessoas sendo mortas por dia que ultrapassa os mortos de países em guerra? Como não estamos gritando pelo nosso direito de poder andar nas ruas sem medo? Como assim escolher entre a passividade da manada ou o quebra-quebra da coisa pública? Como assim escolher entre a greve de médicos e professores e motoristas que não são valorizados neste país e alunos sem aulas, doentes morrendo por falta de atendimento e população trabalhadora indo para casa a pé? Recuso-me a escolher um desses lados. Tudo tão ineficiente, tão improdutivo, tão velho.

E foi assim que desisti.  E claro, alí naquele momento, alguém repetia e repetia tanto aquela frase – “os brasileiros desistiram” -  que a dor da separação com o meu próprio país, que eu nem sabia que existia, veio à tona.

No dia seguinte, acordei ainda com esse sentimento.  Andei pelos caminhos verdes que levam da casa da Mirella e Tilly (amigas queridas que me hospedaram) ao centro de Totnes.

No caminho, como não tem acostamento, eu parava quando um carro passava ou ele parava para que a gente se organizasse para ver quem passaria primeiro. Os motoristas acenavam com a mão como que agradecendo e eu fazia o mesmo. Sentia o cheiro do mato e o relaxamento no meu corpo, nos meus olhos, nos meus ouvidos. Me senti abençoada por estar ali naquele lugar lindo e pensava onde é que no meu país eu poderia andar daquela maneira, com tamanha tranquilidade por horas e não sentir medo? 





Durante o dia fiquei no centrinho de Totnes.


Entrei em algumas lojinhas bem bonitinhas e, quando vi os preços, achei tão barato que fui logo conversar com a atendente que me explicou que alí, entre as lojas normais, havia 12 lojas que vendiam produtos de segunda mão. Entendi então. Continuei perguntando como funcionava e ela disse que a população fazia a doação e tudo era vendido ali e o dinheiro ia para alguma instituição de caridade favorecendo os animais, ou pesquisa para câncer, ou idosos etc.  E ela ali oferecia um dia de voluntariado para essa instituição. No ato da doação a pessoa preenche um formulário onde ela e a loja serão beneficiadas na hora do imposto de renda.  Fiquei encantada com a iniciativa e mudei meu conceito ou “preconceito” aos brechós que temos aqui no Brasil.

Depois descobri que a cidade tem muitos projetos legais para o bem estar das pessoas.
Tem um ônibus, o "Bob, the Bus" que leva as pessoas mais velhas ou com alguma deficiência - e eu vi o motorista parar, descer do ônibus, ajudar o velhinho sair ou ajudar um cadeirante subir no ônibus. Nossa, é muito tocante ver isso.  


Vi um “green supermarket”, um supermercado só de produtos orgânicos. Entrei, fiz umas comprinhas, conversei com a caixa.

Vi pessoas se cumprimentando, ouvi um senhor me perguntar se eu queria ajuda quando eu olhava um mapa e, mais tarde, ao encontrar com ele do outro lado da rua, me cumprimentou e perguntou se estava tudo bem. Almocei comida vegetariana, claro, berinjela, claro, num restaurante muito simpático.





Descansei perto do rio.....











 e visitei um castelo.
Depois voltei pela mesma estradinha verde sem acostamento, uns 30 minutos para chegar à casa de Mirella e Tilley, já que sou meio lenta para andar, principalmente em lugares bonitos e perfumados - distraio com flores, cores, pedras, árvores e pássaros. A Tilley me indicou livros e preparou um jantar delicioso com tanto carinho que também me tocou muito. Contaram sobre os vários projetos da cidade e tudo que fazem por lá. Fiquei muito feliz de saber que é possível fazer mudanças reais desde que não seja a partir de velhos paradigmas.

À noite fui a uma palestra de Satish Kumar – fundador da Schumacher College. Tinha fila, mas o lugar era tão bonito que nem me preocupei com a fila. 
 Ele falou sobre seu livro, que já estou devorando, chamado “Soil. Soul. Society”  (Solo. Alma. Sociedade) mostrando que essas três palavras são uma maneira de dizer que nós somos todos ligados, interconectados e interdependente. E que só podemos estar à vontade com toda a humanidade através do cuidado com o solo, que é a fonte de toda vida, literal e metaforicamente, já que a vida vem da mãe terra e retorna a ela. O que está fora de meu corpo é solo, o que está dentro de meu corpo é a alma. Assim como eu cuido do solo para crescer o alimento para meu corpo, eu também cuido da minha alma cultivando amor, compaixão, beleza e unidade para perceber a harmonia dentro e fora de mim. Quando estou à vontade dentro de mim, estou à vontade fora de mim e estou à vontade com toda a humanidade. Ao cuidar do solo eu sou membro da comunidade do  Planeta Terra e ao cuidar da sociedade eu sou membro da comunidade humana. Enfim, nosso sofrimento e nossa dor acontece quando nos separamos do solo, da alma e da sociedade.

E lá ele ficou falando palavras que mais pareciam bênçãos sendo lançadas na minha dor reconhecida no dia anterior. Ainda assim, no final, quando ele abriu para perguntas, precisei perguntar: “Satish, sou brasileira e meu país tem muitos e profundos problemas. Sinto a dor da separação com o meu país. Que dicas você me daria para eu não sentir mais isso?”  E ele: “Há muitos brasileiros estudando aqui no Schumacher College e estão levando suas experiências para o Brasil. Sabe, a Inglaterra tem problemas, a Índia tem problemas, Totnes tem problemas, Schumacher College tem problemas. Todo mundo tem problemas. Temos que abraçar os problemas. Não olhe os problemas como problemas, olhe como oportunidades. Conecte-se com grupos que já estejam desenvolvendo algo baseado nesse tripé “soil-soul-society”. Quando nos conectamos a outras pessoas que estão pensando assim, isso nos alimenta.  A dor que você diz sentir é a dor da desconexão”. E reforçou: “Não olhe para os problemas como problemas, olhe para eles como oportunidades. E você e todos nós, seres humanos, temos infinitas oportunidades dentro de nós”.

Nem preciso dizer que as lágrimas já desciam de meus olhos enquando a dor era dissipada. Senti uma leveza e um sentimento de compaixão começou a despontar com relação ao meu país. Nem sei por onde começar, mas brotou em mim um desejo de começar a fazer alguma coisa que não seja ligada aos velhos paradigmas usados desde que o mundo é mundo que não servem mais para nada, mas para algo novo onde não haja desconexão, destruição ou violência. 

Voltarei ainda a falar desse livro fantástico que estou lendo num próximo post.

20 de julho de 2014

FINDHORN

Quando fui morar na comunidade de Nazaré, hoje Uniluz, em 1989, soube que ela havia sido inspirada em uma outra comunidade que fica no norte da Escócia. E foi ali que conheci o Jogo da Transformação que também foi criado nessa comunidade escocesa que se chama Findhorn. E, desde então, tinha vontade de conhecer esse lugar. E somente agora pude realizar esse desejo e creio mesmo que esse foi o momento ideal depois de ter vivido outras experiências.  E lá fui eu fazer o “experience week” em Findhorn,  um programa para pessoas que estão indo pela primeira vez.

Chegar até lá parece até um ritual. Peguei avião de Londres a Inverness, uma cidadedezinha bem bonitinha e depois fui de ônibus até Forres, uma cidadezinha menor ainda. Já no ônibus, uma senhorinha desceu 2 pontos de ônibus antes só para me mostrar onde era o ponto de táxi.

A Sra. Margareth me disse que tinha viajado bastante e que tinha recebido muita ajuda de pessoas que ela nunca mais tinha visto e que essas ajudas foram muito importantes.  Foi, para mim, um dos primeiros anjos tirando obstáculos para chegar até lá.  Fui então deixando aeroportos, cidades grandes, multidões de pessoas, wifi, e entrando num mundo tão silencioso, tão orgânico e equilibrado, tão verde e tão gentil que me comovia a todo momento.

Findhorn é uma comunidade espiritual, uma ecovila e um centro internacional para educação holística. A abordagem da sustentabilidade integra quatro aspectos: espiritual, social, meio ambiente e econômico. Lida não só com a sustentabilidade externa como com a construção de casas ecológicas, tratamento de esgoto de forma ecológica e energia renovável, mas também foca a vida interna dos seres humanos, dando às pessoas oportunidades de fazer parte e praticar a vivência em comunidade através das atividades práticas diárias da própria comunidade que nos proporciona fazer a mesma coisa que fazemos no dia a dia, mas com uma outra atitude, com um novo olhar muito mais abrangente onde percebemos que uma simples atividade que realizamos faz parte de um todo maior o qual pertencemos.



Bom, o programa era bem equilibrado e tive oportunidade de estar num grupo de 15 pessoas onde pude trabalhar no jardim, na preparação dos lanches nos intervalos das atividades entre outras atividades e conversar com pessoas moradoras de lá ou que estavam, como eu, passando um tempo na comunidade.


O lugar é de muita paz e beleza. Em cada lugar que eu olhava via que ali alguém tinha passado e deixado algo bom, ou porque limpou, ordenou, ou porque escreveu algo, enfim, dava para sentir uma amorosidade em tudo que se via. Aliás, amorosidade é mesmo a tônica de qualquer trabalho em Findhorn.  E é isso que desarma as pessoas, que as integra e que as transforma.




A comida é algo muito inspirador também. Eu comia e me sentia abençoada de tanta coisa gostosa, bonita, e que tinha sido feito com tanta dedicação pelos outros participantes, e meu corpo agradecia.



Internamente trabalhei aspectos meus e dores escondidas até então, que eram desconhecidas por mim e alí foram dissolvidas. Um dia estava trabalhando num projeto no jardim, onde o grupo iria tirar matinhos. Estava frio, muito frio e eu me agasalhei como pude e comecei o trabalho em silêncio. Percebi que não era tão difícil assim. Era só dar um mexidinha e o matinho saia com uma certa facilidade. E alí tinha minhocas e outros bichinhos. Fiquei lá por 3 horas fazendo isso junto com o grupo e, à certa altura, me vem o insight de que também a gente não precisa carregar coisas que não precisamos, e é só dar uma mexidinha que as dores saem e, embaixo dessas coisas que não precisamos mais, há vida, vida nova. Fiquei tocada com essa percepção de que, muitas vezes, a gente carrega coisas que já estão quase que resolvidas, mas ainda colocamos um certo peso nelas simplesmente porque não atualizamos nossos sentimentos, não revolvemos a terra.





Outra coisa que vivenciei bastante foi o escutar e ser escutada. Sem preconceito, sem julgamento, sendo acolhida e acolhendo o outro da maneira como o outro era.  Assim é que se resolvem os problemas. Ao invés de reagir como de costume, ouvimos e acolhemos o outro, trabalhando a compaixão. Quando essa compaixão está trabalhada, o outro tem a possibilidade de mudar. Sem isso, a situação é sempre a mesma, não muda nada, é o jeito velho de reagir que não é produtivo. Não mudamos ninguém, mas temos a solução que é trabalhar em nós mesmos o acolhimento do outro e a compaixão.


Conectar comigo, conectar com a natureza, com o outro pode ser compreendido quando eu olho para a separação e percebo o contraste. Separação é quando não nos sentimos parte, quando nos fechamos para o outro, quando julgamos, quando não aceitamos as coisas como elas são. Conexão então é o oposto.  Daí, para nos conectarmos com nós mesmos, com tudo que está em volta, muitas vezes precisamos silenciar internamente e olhar para o que sentimos, para o que estamos aprendendo. Isso é uma prática e a meditação que fazemos ajuda muito. Findhorn tem vários horários para meditar e você pode escolher o melhor horário. Os Santuários onde se pratica a meditação são repletos de paz e de beleza.





Um dia, andando pelos jardins, me perdi...e virei num outro caminho e... sim,  me perdi e por ter me perdido, me deparei com a Dorothy Maclean de 94 anos (escritora e amiga de Sara Marriot e que é um exemplo de trabalhar na co-criação inteligente com a natureza) andando pelo jardim. Não resisti e fui falar um instantinho com ela. Muita emoção.


Na verdade me encantei e me emocionei várias vezes com tamanha beleza, carinho e acolhimento de tudo e todos.







Há muito o que falar e vou voltar a esse lugar outras vezes à medida que for escrevendo. Por hora, é isso: uma certeza de que há muitas coisas boas acontecendo nesse mundo e a maneira como lidamos com as coisas e pessoas, com delicadeza e beleza pode sim transformar um mundo viciado em falsos valores, um mundo que já não nos conforta mais. Aprendi que podemos sim voltar para dentro e redescobrir toda ternura que temos dentro e espalhar isso para esse novo mundo que está surgindo com tanta intensidade.