Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

24 de maio de 2012

Paz Mental

 
“Quando a dor de não estar vivendo
for maior que o medo da mudança,
a pessoa muda”
 S. Freud.

Hoje podemos ter muita ajuda profissional para nos ajudar nas mudanças. Mas para que mudar? Procuramos essa ajuda quando percebemos que nossas crenças, nossa maneira de ver a vida, nossas atitudes já não funcionam mais. Em determinado momento pensamos que o mundo precisa mudar, que as pessoas precisam mudar. Até tentamos mudá-los para termos um pouco de paz mental. Mas mudar o outro, mudar o mundo é coisa que não conseguimos.

Usar do mesmo comportamento que sempre tivemos também não ajuda. Qualquer coisa que eu faça não é garantia de que o outro mude. Como posso ser feliz se o outro não muda? - nos perguntamos muitas vezes.

Descobrir que o que tenho feito e pensado não ajuda muito em determinada situação já é um grande passo, porque não é fácil admitir que tudo o que aprendi sobre o que seriam as verdades do mundo não funciona mais e eu tenho que me abrir para ver outras possibilidades.

Swami Saraswati no seu livro Valor dos Valores” diz: “Quando cobro do outro uma atitude, provoco muitas agitações na minha mente. A pessoa sobre quem faço tal cobrança pode não responder ou pode responder com hostilidade ou me fazendo cobrança por um respeito ainda maior.
O resultado são mágoas mútuas, atritos entre nós, mentes agitadas... A mágoa só é possível quando existe um ego inflamado... Um ego esvaziado e magoado tende a gastar muito tempo planejando como ensinar uma lição a quem o magoou... Se eu estou obcecado com a quantidade de respeito que recebo do outro, posso gastar muito tempo tentando analisar suas palavras e gestos...”

“Quando alguém reage a mim de maneira diferente da que eu gostaria, eu apenas observo minhas próprias reações, sem nenhuma reação extra. Da posição de observador, vejo a falta de sentido das minhas expectativas em todo seu absurdo.” Percebemos que queremos que o outro mude porque nosso real desejo é a esperança de que essa mudança me faça sentir mais confortável comigo mesmo.”

O trabalho de mudança, então, em mim é grande e ele começa quando a dor que sinto é insuportável e eu estou cansada de sentir o que estou sentindo. Mudo pra sobreviver, mudo porque minha consciência compreende que eu tenho um mundo de possibilidades dentro de mim. Aceitar o outro como ele é, é o primeiro passo para termos paz mental.

Quando eu reajo ao mundo, minha mente não tem paz, a experiência não me ensinará nada e as emoções dolorosas invadirão meu ser. A reação a um evento é uma resposta automática que nasce dos nossos hábitos mentais de gostar e não gostar.

Podemos então agir ao evento, ao invés de reagir a ele. Agir significa ver as coisas como elas são, como simples eventos e não como problemas e sofrimentos. Aceitar os eventos como eles são nos dá a possibilidade de aprender com eles. Quando a palavra aceitação é dita sempre nos causa alguma inquietação porque usamos nossos hábitos mentais para embutir nela o paradigma da submissão, de passar por bobo, de não ter atitude etc. No caso, a aceitação aqui é não criar resistência ao fato dentro de nós, sem considerarmos nossa sabedoria e nossa postura mental.

Reagir é quando despejamos nossos medos, nossa raiva reprimida, nossa não aceitação do outro ser quem é ou de um fato ser como é. Queremos que o mundo e as pessoas façam aquilo que eu considero correto e bom para mim e se isso não acontece, sinto dor porque evidencia tudo aquilo que preciso trabalhar dentro de mim. O mundo não existe para satisfazer nossas vontades.

Reação é diferente de ação. Na ação, eu vejo o fato, eu analiso o fato, percebo como ele processa dentro de mim. Tiro a erva daninha de dentro de mim e aí eu sei o que devo fazer, em que momento devo fazer e para que fazer. Sem isso, é pura reação que atrai uma outra reação mecânica todas apoiadas pelas nossas emoções não trabalhadas. A reação eu não escolho, é mecânica. A ação é uma escolha baseada no meu autoestudo, sabendo que não temos controle no resultado dessa ação.

Uma mente livre de reações é uma mente quieta e receptiva, objetiva e serena e está pronta para descobrir o fato de que não existe separação entre o indivíduo e a criação.

Só a partir dessa construção de nossa paz mental podemos começar a falar de paz no mundo.

16 de maio de 2012

Nossos Vazios

Minha aluna e amiga Carol me mandou esse video de 18 minutos e eu gostei tanto que achei que deveria colocar aqui no “Coisas da Vida”.

       .....para fazer o caminho de volta para nossa essência
precisamos de coragem para olhar para o nosso vazio...

E é por aí que o palestrante Marcelo fala de suas descobertas de como preencher nossos vazios.
 
Marcelo L. Cardoso é vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional e Sustentabilidade da Natura, sendo responsável pela implementação do Sistema de Gestão Natura que compreende as áreas de Estratégia, Gestão e Pessoal. Antes de ingressar na Natura, em maio de 2008, foi diretor executivo da DBM do Brasil e presidente regional para a América Latina. Atuou também na GP Investimentos, presidiu o Hopi Hari e foi diretor financeiro da Playcenter S.A. e da Método Engenharia, entre outras empresas. Marcelo é graduado em Administração de Empresas, com extensão na Kellogg-Northwestern, de Chicago. Participou de programas executivos na American University, Washington DC (1993) e no Insead (2001). Além disso, é Coach e Facilitador, Presidente e Fundador do Instituto Integral Brasil e membro do Conselho Diretivo do Instituto Ethos.

7 de maio de 2012

Mães


Irene
E o Dia das Mães sempre se confunde com o dia do aniversário da minha mãe, que faz no dia 12/05. Já celebramos o aniversário neste último domingo, pois fazer 90 anos não é pra qualquer um não.

No seu caminhar lento me lembro do quanto ela caminhou para nos proteger, nos alimentar, nos garantir estrutura emocional. Nós, quero dizer, filhos, parentes, vizinhos, amigos, o pedinte, o entregador de gás, o lixeiro, qualquer pessoa que batesse à sua porta, ela ouvia a história, e dava um jeito de dar alguma coisa. Agora, naquele corpo mais frágil, percebo o ensinamento de que não somos só o nosso corpo físico. Somos muito mais que isso. Somos essa energia que almeja sempre ir para cima, como toda a vegetação que vai em direção ao sol. Essa é a nossa essência, essa força que sempre caminha em direção à Luz, independente da história que vivemos aqui, da história que precisamos viver aqui.

Minha mãe colocou toda sua energia amorosa no arrumar e limpar a casa, no cozinhar com tanta tranquilidade, quase uma meditação, em frente ao velho fogão Dako, da minha idade, que ela não troca por nada nesse mundo.

Quando eu era pequena, me pegava admirada com uma tacinha de cural que eu comia. É que não entendia muito bem como é que minha mãe fazia aquela mágica. Ela capinava todo o quintal de casa. Fazia buraquinhos na terra e eu jogava uns grãozinhos de milho lá nos buraquinhos. Depois fechávamos os buraquinhos e toda a tarde a gente regava aquela terra com regador. De repente começavam a brotar dali umas plantinhas verdes e quando cresciam, minha mãe tirava uns cachos e desembrulhava-os e o milagre estava lá: milhares de milhos iguais aqueles que eu tinha colocado no buraquinho. Minha mãe transformava aquilo num líquido amarelo e colocava no fogo e mexia como se estivesse abençoando toda aquela magia. Antes de comer, eu ficava imaginando tudo aquilo e como minha mãe era poderosa. Aprendi com ela então que o milagre já existe, só precisamos arregaçar as mangas e fazer com que eles se manifestem.

Foi assim que minha mãe me passou valores universais: através de suas ações e dessa conexão com a natureza que ela mantinha. Celebrar seus noventa anos foi como reviver tudo que eu aprendi.

E agora o Dia das Mães chega e lá me pego pensando novamente em todas as mães. Nas mães das mães e nas mães das mães das mães.

No ano passado também escrevi mais ou menos sobre isso e repito aqui o que disse por achar de extrema importância o nosso respeito a essas mulheres, que nos deram à vida e os nossos maridos e os nossos amigos. Mulheres vindas de mulheres que preparam os alimentos que alimentam, que são guardiãs dos valores e da amorosidade. E se nossas mães, em especial, não fizeram isso, no mínimo, no mínimo nos deram a vida e isso é tudo que precisamos para ter uma gratidão eterna.

No Yoga há vários asanas (posturas) onde baixamos a cabeça simbolizando que eu reconheço a minha existência e a importância fundamental que minha mãe e meu pai têm nessa minha existência. Isso, temos que honrar! Honrar o que ficou atrás para eu poder seguir com a cabeça erguida e com humildade. Eu plantei o meu corpo. Meu corpo é perfeito e se torna mais perfeito ainda se eu honro o que fui. Só vou para frente quando honro o que vem antes de mim.

Deixo então aqui, mais uma vez, minha profunda gratidão e reconhecimento a todas as mulheres (Irene, Silvana, Francisca, Roza... e a Carminha, outra mulher que trouxe a essa vida o Edmilson que é meu companheiro de jornada, mães de mães que me possibilitaram estar aqui e agora com toda a vida e experiências vividas por todas elas presentes em mim. Portanto, somos todas ligadas como somos ligadas ao planeta, ao universo, ao mar, à floresta, à terra, ao fogo e ao ar e ao cural do quintal de minha mãe. Tudo isso vive dentro de mim.

Feliz Dias das Mães a todas as mulheres com ou sem filhos. Que nossos frutos representem a amorosidade para com todos os seres vivos. 

Minha mãe e suas irmãs