Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

31 de outubro de 2010

Entrega


Rafaela dormindo, sem apegos.
 Estive pensando como o ato de dormir está relacionado com o ato de se entregar e de se desapegar. Quando dormimos, desapegamo-nos de nossa atividade, dos nossos controles e de nossos papéis. E nos entregamos a algo que não sabemos o que é, sem ter garantia alguma de que vai ser bom.

Não dormir bem pode causar nervosismo, irritação, medo, ansiedade, intestino preso etc. Ouvi em uma palestra de Claudia Regina Gonçalves que essas queixas podem ser derivadas de algo em nossa vida de que não queremos nos desapegar, que estamos inflexíveis com alguma situação, que estamos muito apegados aos detalhes, principalmente quando somos perfeccionistas.

Algo em nossa vida acontece que nos deixa triste e então nos apegamos a essa tristeza e tentamos deixar essa situação da maneira como achamos certo para que não soframos mais a dor. Se multiplicarmos por todas as situações que nos causam mal, podemos concluir que estamos o tempo todo tentando consertar coisas ao nosso redor para que a gente não sofra com aquilo que achamos que esteja errado.

Ufa! Temos que fazer muita coisa e nos esvaímos tentando, nossa energia simplesmente se evapora.

O que há então de errado em querer fazer algumas coisas para consertar o mundo? Nada! Desde que você faça algumas perguntas antes como: por que é que eu quero ajudar essa situação ou essa pessoa? Estou dando o que o outro quer ou o que eu acho que o outro precisa? Estou fazendo isso para que assim eu não sinta a dor que eu estou sentindo? Quem garante alguma coisa?

Na verdade, só podemos fazer algo de bom paro o outro quando estamos também nos trabalhando, nos percebendo. Senão, fica só um fazer pelo fazer que não atinge a essência do outro. E assim nada muda.

Ajudar o outro precisa ser um ato de amor. Um ato que saia de seu coração. Só depois que você sentiu e percebeu o que o outro precisa é que você pode fazer alguma coisa que, muitas vezes não é o que você acha que seria bom para o outro, mas é o que o outro consegue acessar nesse momento. O resto é desperdício de energia. Da sua energia.

Então, para dormirmos bem, temos que exercitar esse ato de desapego com todas as coisas, pois apego gera rigidez. Exercitar também a não impor rigidamente nossas idéias e nos tornarmos mais flexíveis. Abraçar a incerteza, cultivar a segurança interior.

“Só dorme bem quem aprende a repousar dentro de si.”
 (Augusto Cury)

23 de outubro de 2010

Integração

Entrevista com Roberto Crema
(antropólogo, psicólogo e reitor da UNIPAZ)
"O oposto da paz é a estagnação."
"Nós não nascemos humanos, nós nos tornamos humanos."

22 de outubro de 2010

Respirar

A experiência lá na Serra da Mantiqueira foi excelente. O lugar é lindo. É bom olhar para paisagens tão diferentes das que vemos no nosso dia a dia. O acolhimento foi tão amoroso que chegou até a comover todo o grupo. A comida feita pela Nani é uma delícia. Tudo era lindamente preparado com qualidade e com um cuidado especial, onde podíamos integrar o alimento, o cheiro e as cores. Fomos nutridas por uma comida fresca saudável e por toda energia amorosa que envolvia cada prato.

E foi nesse ambiente que comecei a entrar em contato com o Renascimento que é uma técnica simples de respiração consciente, que nos dá um intenso bem estar, desfazendo os nós energéticos, soltando as tensões musculares que acumulamos durante nossa vida. Ao permitir que isso aconteça, experimentamos uma conexão interna com nós mesmos, uma maior leveza, uma serenidade profunda. Desse modo nos tornamos mais conscientes do que acontece em nossa vida e de como escolhemos coisas que são ditadas pelas nossas crenças. O que pensamos até agora cria as experiências que temos nesse momento. Então, se escolhermos pensamentos mais expansivos poderemos criar experiências de vida mais expansivas também, criando aquilo que queremos.

Nesses 9 dias compreendi que estar alegre é ser o que você é. E que qualquer coisa que nos aconteça, qualquer assunto que comece a fazer parte de nossa vida, mesmo os que a gente considere mais doloridos, qualquer coisa, temos sempre um outro jeito mais expansivo de nos ver. Qualquer coisa que experimentamos na vida é sempre uma configuração da nossa própria vitalidade. Ao olhar dessa maneira percebemos o que realmente sentimos, ouvimos e vemos, e acolhemos qualquer que seja a dor. E, em seguida deixamos que ela se vá, deixando seu espaço. E enfim respiramos.

Respirar é o primeiro ato que fazemos ao nascer neste mundo, depois de todo processo intenso do nascer. O ar nos penetra, nos invade e passamos a vivenciar essa aventura que é a vida para então terminarmos a vida num último suspiro.

“Há duas bênçãos na respiração,
Absorver o ar e soltá-lo outra vez:
Uma nos pressiona, outra nos refresca,
que mistura maravilhosa é a vida!”
(Goethe)

“(Renascimento)... é até hoje o melhor método para se conseguir liberações emocionais e desbloqueios da personalidade. O Renascimento produz efeitos de ótima qualidade, como o perdão por tudo o que possa ter acontecido no passado, gratidão pelo presente, aumento na auto-estima e certa espiritualização que ocorre espontaneamente se a pessoa repetir muitas vezes o processo
(Angelo Gaiarsa – psiquiatra que, aos 90 anos, respirou pela última vez nessa existência enquanto dormia, exatamente no penúltimo dia que estávamos lá no alto da Serra da Mantiqueira).


San estava sempre por perto


Sentindo o sol no corpo


A pousada acolhedora


Visão das montanhas


Outra linda visão das montanhas


Uma cor no meio de tanto verde


Mais montanhas


Pássaros descansando...
Agradeço aqui todo o carinho de Khalis e Tárika pela condução amorosa e alegre de todo o ensinamento.

7 de outubro de 2010

Serra da Mantiqueira

Para vocês que me visitam aqui, quero dizer que não vou postar nada por 10 dias porque estarei em um curso. Se vocês quiserem saber algo sobre isso, entre no video. Depois conto tudo o que vivenciei lá na serra da Mantiqueira.

3 de outubro de 2010

Equilíbrio


Lilly - Professora de Yoga
A semana foi mesmo muito interessante. Parte da placa mãe de meu lap top deu problema. Aprendi que placa mãe é a que conecta tudo e tudo é conectado nela. O computador do Edmilson também pifou. Depois foi meu pen-drive que parou e não consegui mais ouvir minhas músicas prediletas no carro enquanto ia ao trabalho. A TV parou por um período. E o gravador (aquele que usa fita cassete) que uso nas minhas aulas de inglês também quebrou. Ufa! Urgente, precisava solucionar pelo menos o problema da gravador. Fui até a loja e disse a atendente que eu queria um igual a esse. E mostrei a ela o tal gravador. Ela olhou, olhou e me perguntou: “O que é isso?” Provavelmente a jovem atendente não sabia que lá dentro se colocava uma fita que ia rodando, rodando e gravando ou emitindo sons. Procurei em todas as lojas de Campinas, Internet e nada. Ninguém comercializa esse “gadget”. Que fazer? Fui até uma loja especializada nos modernos aparelhos e expliquei o que eu queria e descobri um celular onde eu podia colocar lá dentro todos os meu 18 cds contendo as aulas de inglês. Simples, me disse um vendedor gaúcho, simpático, atencioso e eficiente numa loja terceirizada da Vivo. Como? Eu não precisaria mais usar nada? Só o celular? Ok, comprei o celular e passei o fim de semana transportando tudo para aquele minúsculo aparelhinho. Mas acabei gostando muito.

Estou contanto essa história que a princípio parece simples, mas foi um intenso trabalho interno. O Edmilson foi aparando todos os momentos mais desafiantes com seu conhecimento e com sua persistência em transpor o que ainda não domina. Eu tentava manter a calma para entender o que estava acontecendo. Algumas vezes foi difícil, pois tudo que eu precisava fazer esbarrava em um desses aparelhos que se recusaram a funcionar. Vários sentimentos afloraram e eu fiquei observando e usando muito as técnicas de respiração. Era um momento de me aquietar. Não, o mundo não estava contra mim. Era uma oportunidade a mais para olhar para dentro de mim e me centrar cada vez mais. Pensava sempre em umas posições do Yoga onde a gente tenta ficar em equilíbrio mesmo quando seu corpo está numa posição não convencional. E para equilibrar, temos que olhar para um foco, ativar o seu corpo e descansar na respiração. Sem isso, desequilibramos e caímos. Mas, mesmo ao desequilibrar e cair, a gente pode retomar, focar, respirar, ativar o corpo e tentar se equilibrar novamente.

Na minha aventura com os eletrônicos foi constante esse exercício, pois não era só lidar com os aparelhos quebrados, mas também ter que aprender essa outra linguagem, sair do velho e aceitar o novo, se adaptar sem resistência. Aceitar tudo o que vem e aceitar que o novo pode ser bom se nos abrirmos a ele.

Foi assim que tirei proveito dessa situação usando-a como uma metáfora.

Quem olha para fora, sonha.
Quem olha para dentro, acorda.
Jung