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Irene |
E o Dia das Mães sempre se confunde com o dia do aniversário da
minha mãe, que faz no dia 12/05. Já celebramos o aniversário neste último
domingo, pois fazer 90 anos não é pra qualquer um não.
No seu caminhar lento me lembro do quanto ela caminhou para nos
proteger, nos alimentar, nos garantir estrutura emocional. Nós, quero dizer,
filhos, parentes, vizinhos, amigos, o pedinte, o entregador de gás, o lixeiro,
qualquer pessoa que batesse à sua porta, ela ouvia a história, e dava um jeito
de dar alguma coisa. Agora, naquele corpo mais frágil, percebo o ensinamento de
que não somos só o nosso corpo físico. Somos muito mais que isso. Somos essa
energia que almeja sempre ir para cima, como toda a vegetação que vai em
direção ao sol. Essa é a nossa essência, essa força que sempre caminha em
direção à Luz, independente da história que vivemos aqui, da história que
precisamos viver aqui.
Minha mãe colocou toda sua energia amorosa no arrumar e limpar a
casa, no cozinhar com tanta tranquilidade, quase uma meditação, em frente ao
velho fogão Dako, da minha idade, que ela não troca por nada nesse mundo.
Quando eu era pequena, me pegava admirada com uma tacinha de
cural que eu comia. É que não entendia muito bem como é que minha mãe fazia
aquela mágica. Ela capinava todo o quintal de casa. Fazia buraquinhos na terra e
eu jogava uns grãozinhos de milho lá nos buraquinhos. Depois fechávamos os
buraquinhos e toda a tarde a gente regava aquela terra com regador. De repente
começavam a brotar dali umas plantinhas verdes e quando cresciam, minha mãe
tirava uns cachos e desembrulhava-os e o milagre estava lá: milhares de milhos
iguais aqueles que eu tinha colocado no buraquinho. Minha mãe transformava
aquilo num líquido amarelo e colocava no fogo e mexia como se estivesse abençoando
toda aquela magia. Antes de comer, eu ficava imaginando tudo aquilo e como
minha mãe era poderosa. Aprendi com ela então que o milagre já existe, só
precisamos arregaçar as mangas e fazer com que eles se manifestem.
Foi assim que minha mãe me passou valores universais: através de
suas ações e dessa conexão com a natureza que ela mantinha. Celebrar seus
noventa anos foi como reviver tudo que eu aprendi.
E agora o Dia das Mães chega e lá me pego pensando novamente em
todas as mães. Nas mães das mães e nas mães das mães das mães.
No ano passado também escrevi mais ou menos sobre isso e repito
aqui o que disse por achar de extrema importância o nosso respeito a essas
mulheres, que nos deram à vida e os nossos maridos e os nossos amigos. Mulheres
vindas de mulheres que preparam os alimentos que alimentam, que são guardiãs
dos valores e da amorosidade. E se nossas mães, em especial, não fizeram isso,
no mínimo, no mínimo nos deram a vida e isso é tudo que precisamos para ter uma
gratidão eterna.
No Yoga há vários asanas (posturas) onde baixamos a cabeça
simbolizando que eu reconheço a minha existência e a importância fundamental
que minha mãe e meu pai têm nessa minha existência. Isso, temos que honrar!
Honrar o que ficou atrás para eu poder seguir com a cabeça erguida e com
humildade. Eu plantei o meu corpo. Meu corpo é perfeito e se torna mais
perfeito ainda se eu honro o que fui. Só vou para frente quando honro o que vem
antes de mim.
Deixo então aqui, mais uma vez, minha profunda gratidão e reconhecimento a todas as mulheres (Irene, Silvana, Francisca, Roza... e a Carminha, outra mulher que trouxe a essa vida o Edmilson que é meu companheiro de jornada, mães de mães que me possibilitaram estar aqui e agora com toda a vida e experiências vividas por todas elas presentes em mim. Portanto, somos todas ligadas como somos ligadas ao planeta, ao universo, ao mar, à floresta, à terra, ao fogo e ao ar e ao cural do quintal de minha mãe. Tudo isso vive dentro de mim.
Deixo então aqui, mais uma vez, minha profunda gratidão e reconhecimento a todas as mulheres (Irene, Silvana, Francisca, Roza... e a Carminha, outra mulher que trouxe a essa vida o Edmilson que é meu companheiro de jornada, mães de mães que me possibilitaram estar aqui e agora com toda a vida e experiências vividas por todas elas presentes em mim. Portanto, somos todas ligadas como somos ligadas ao planeta, ao universo, ao mar, à floresta, à terra, ao fogo e ao ar e ao cural do quintal de minha mãe. Tudo isso vive dentro de mim.
Feliz Dias das Mães a todas as mulheres com ou sem filhos. Que
nossos frutos representem a amorosidade para com todos os seres vivos.
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Minha mãe e suas irmãs |
Lindo, Zeze!
ResponderExcluirSempre nos inspirando com suas inspirações.
ResponderExcluirGrande homenagem. Valeu Zezé...bjs
Obrigada Vó Irene, minha mãe Nair e todas as mães da nossa família e aquelas que não são mães mas que agem como se fossem, educando os sobrinhos também. Parabéns!
ResponderExcluirOi Zezé!
ResponderExcluirAdorei o que você escreveu ...obrigada! Obrigada por proporcionar-me, em meio a correria e aos problemas do meu dia-a-dia, momentos como este, onde tenho a oportunidade de parar por alguns minutos para saborear e refletir sobre as suas palavras.Abrços,
Sandra
Muito lindo Zezé, que benção poder dizer tudo misto a sua mãe que completa 90 anos. Fiquei emocionada. Parabéns a ela e todas as mães, inclusive a minha que já está em outra esfera.
ResponderExcluirbeijos
Lindo, lindo, parabéns para sua mãezona e para a mulher maravilhosa que vc tbém é. Fiquei emocionada ao ver o nome da minha mãe nos seus
ResponderExcluirescritos. Quanto ao filme é delicioso, a massagem relaxante no bebê transmite tanta paz que dá para sentir junto com ele.
Beijos
Rudi
Zezé,
ResponderExcluirQue doce sua homenagem, a sua querida MÃE, e de certa forma a todas as mulheres, as que tiveram filhos, e as outras como nós duas, escolhidas pelas escolhas que fizemos, pelo destino que estamos cumprindo, prá plantar outras sementes nos corações, nas vidas de tantas pessoas que cruzam nossos caminhos..."o milagre já existe, só precisamos arregaçar as mangas e fazer com que eles se manifestem"..beijo grande e mais uma vez obrigada por suas reflexões!
Adriana-Yoga