Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

27 de julho de 2013

8 horas de trabalho

A quantidade de tempo que as pessoas passam no trabalho hoje faz com que elas comecem a pensar na qualidade de vida, no que está perdendo com sua família e com sua própria vida. Sem ver saída para isso, muitas pessoas se deprimem e vivem uma vida sem prazeres, sem usar a capacidade que têm de criar outras possibilidades.

Li um artigo de Leonhard Widrich intitulado “A origem das 8 horas de trabalho e porque devemos repensá-las” que achei interessante. Encontrei ali algumas dicas.

Ele começa explicando de quem foi a idéia de trabalharmos 8 horas por dia: “A resposta está escondida na história da Revolução Industrial. No final do século 18, quando as empresas começaram a maximizar seus lucros, as fábricas funcionavam sem parar, em regime 24/7. Para tornar as coisas mais eficientes, as pessoas tinham que trabalhar mais. A norma era que as pessoas trabalhassem entre 10 e 16 horas. 

Essas horas laborais incrivelmente longas estavam insustentáveis até que um homem corajoso chamado Robert Owen começou uma campanha para que essas pessoas não trabalhassem mais que 8 horas por dia. Seu slogan era: "oito horas de trabalho, oito horas de lazer, oito horas de descanso. Não demorou muito para que a Ford implementasse em 1914, as oito horas diárias. Para a surpresa de muitas indústrias, isso resultou na mesma produtividade desses trabalhadores, mas em menos horas, aumentando a margem de lucro da Ford no período de dois anos. Isso incentivou outras companhias a adotarem um padrão de oito horas para os seus empregados.

Ele ainda sugere que a quantidade de horas que trabalhamos não é um fator decisivo para a sua eficiência ou produtividade e é pouco importante na economia criativa de hoje. Ele cita o autor Tony Schwatz que diz que o foco deve estar na sua energia e não no seu tempo e que, como humanos, temos 4 tipos de energia para administrar todos os dias:

1. Sua energia física - Quão saudável você está?
2. Sua energia emocional - Você está feliz?
3. Sua energia mental - Você está conseguindo se concentrar?
4. Sua energia espiritual - Por que você está fazendo tudo isso? Qual o propósito?

Uma das coisas que nós esquecemos é que, como humanos, nós somos diferentes das máquinas. Na essência, isso significa que as máquinas funcionam de forma linear e humanos se movem em ciclos. Para ter um dia produtivo, que respeite nossa natureza humana, a primeira coisa a se fazer é focar nos ritmos ultradianos. O entendimento básico é que a mente humana pode se concentrar em qualquer tarefa por 90 a 120 minutos. Após isso, é necessário um intervalo de 20 a 30 minutos para nós nos renovarmos e atingirmos uma boa performance para a próxima atividade.

Ele sugere então que, ao invés de pensarmos no que eu posso fazer em 8 horas, poderíamos pensar em o que eu posso fazer numa sessão de 90 minutos. É preciso dividir tudo em intervalos de 90 minutos. Isso faz com que o trabalho flua com mais concentração, pois o cérebro utiliza um processo de 2 passos:

1 - Aumento da sensibilidade - Significa que você pode ver uma cena e pegar as informações apresentadas. Então, você foca naquilo que precisa da sua atenção. "Como uma foto embaçada que lentamente vai se focando", descreve Lifehacker.

2 - Seleção eficiente - Isto é o "zoom" de quando estamos realizando uma tarefa. Isso nos permite entrar na chama de estado de fluidez. Agora nosso trabalho começa de verdade.

E assim é necessário para transformar sua estrutura cerebral de aprendizado para o foco:

- Parar de fazer várias tarefas para evitar se distrair no seu ambiente de trabalho
- Eliminar as distrações mesmo quando você só tiver apenas uma tarefa para cumprir

Ele também coloca algumas dicas para melhorar seu dia de trabalho:

- Aumente a relevância das tarefas > Muitos de nós ainda se esforçam para encontrar foco, especialmente se ninguém estabeleceu um deadline. Substituir seu sistema de atenção e criar seu próprio deadline, junto a uma recompensa, mostrou ser uma das melhores maneiras de melhorar o desempenho para completar as tarefas, de acordo com o pesquisador Keikuke Fukuda.

- Divida o seu dia em períodos de 90 minutos > Em vez de olhar para 8, 6 ou 10 horas de trabalho, divida o dia e perceba que você tem quatro, cinco ou tantos períodos de 90 minutos. Dessa forma, você terá tarefas que pode fazer todos os dias com mais facilidade.

- Planeje seu descanso para que você possa de fato descansar > “A pessoa que está mais em forma não é aquela que corre a maior distância, mas a que otimizou seu tempo de descanso", disse Tony Schwartz. Muitas vezes, nós estamos tão ocupados planejando o nosso trabalho, que esquecemos 'como' descansar", afirma. Planeje de antemão o que vai fazer no seu descanso. Aqui algumas ideias: dormir, ler, meditar, lanchar.

O importante mesmo é saber que o seu trabalho faz parte de sua vida como tantas outras coisas. E ele pode ser prazeroso e gerar satisfação interna. Para equilibrarmos tudo isso é necessário um profundo autoestudo para descobrir se podemos ser seres inteiros e completos fazendo o trabalho que estamos fazendo. Através dele aprendemos coisas técnicas e principalmente aprendemos a nos relacionar com o outro e conosco mesmo. A todo tempo nos questionamos se sabermos colocar limites, se sabemos dizer não, se aceitamos a  diferença do outro, se não agredimos o outro e a nós mesmos. Clareamos nossos valores internos para checar se o que estamos fazendo bate com eles ou me afasta deles nos tornando pessoas não confiáveis a nós mesmos, já que pensamos uma coisa e fazemos outra.

Sejam 8, 6 ou 4 horas, é importante que possamos lembrar que não somos só o papel que representamos profissionalmente. Temos mais papeis a desempenhar na vida. E ao desempenhar esses papéis percebemos mais profundamente que não somos de fato esses papeis, somos mais que tudo isso. Temos um aprendizado a viver nessa existência e não devemos nem podemos nos perder de nós mesmos.

5 comentários:

  1. Adorei o texto, Zezé!
    Muito bom pra refletir...
    Iris

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  2. adorei o texto, e só reforça o que vem sendo escancarado pra mim nesses últimos
    tempos :)

    o curso de coaching que te falei também menciona os ciclos e que devemos "gerenciar" nossa energia e não o tempo, já que é uma constante de 24h , sempre!!
    estou no meio, ainda, e por isso não dá pra concluir nada!!


    morrendo de saudade de vc!
    abração arroxado
    Carol Lima

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  3. Pois é Zézé...vamos lá... em busca de mais energia e vigor, pois eles nos impulsionam a cumprir estas jornadas doidas...
    Parabéns pelos textos!
    Beijos,
    Adriana

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  4. Oi Zezé... este texto foi muito interessante. Além disto fiquei refletindo... Eu estava imaginando quanto de lazer é descontado nos engarrafamentos das grandes urbes (2 a 4 horas?) durante a semana ou na volta do domingo. Momentos poucos sudáveis que retiram o lazer. Todas estas excelentes propostas do texto me fizeram pensar num "sentido de lazer" em qualquer atividade de trabalho cotidiano. Algo assim como a descoberta de um humor que modifica o cotidiano. Lembra como era retirar-se um tempo para meditar em silêncio e depois passou-se a incorporar também a prática da meditação desta vez na ação? (num estado de atenção plena). Bom... dado que em algumas tribos u horário delas era de 4 horas de trabalho físico e o restante era dedicado a lazer/familia/tribu/ritual e por separado as horas de sono...acho que ainda poderíamos sonhar-criar um maior equilíbrio para tudo isto. Não custa verdade?... Para quem tiver a chance de diminuir hábitos de consumo inecessário por hábitos de maior saúde e simplicidade há maior chance de conseguir este equilíbrio melhor distribuído descontando horas de trabalho para ganar este tempo disponível a outras atividades. Para quem trabalha na risca do pão de cada dia suas 8 horas apenas para o básico do básico e ás vezes nem chega... (ou mais horas)fica a chance de ter mais tempo para orar para que o seu contratante tome consciência do seu salário e aproveitar o dia em descobrir como acrescentar mais motivação na sua vida sem deixar-se levar pela tristeza. Para quem é viciado (sem necessidade real)em trabalho e que comunmente descuida o seu entorno social, como sua saúde e lazer (14 a 16 horas? e uma forma de pobreza também, )meus pêsames, melhor visitar alguma tribo... No final o ser humano vê no trabalho apenas sustento ou também desenvolvimento pessoal, socialização, felicidade e a oportunidade de um serviço? Sem estes cinco pilares a vida fica meio complicada... Um dia o ser humano descobre a melhor transição a caminhos leves... Um abraço. Lindo texto, Gavenda

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  5. Zezé,
    Adorei!!! Parabéns.
    Bjs,
    Lígia

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