Lembro-me de natais na casa de minha avó em Americana onde a grande alegria era o encontro de pessoas que não se viam há tanto tempo. Quando chegávamos na cidade, meu avó nos pegava na estação de charrete. Para mim era esse o trenó do Papai Noel. Atravessávamos a cidade naquela música do trotar do cavalo e, ao chegar, minha avozinha nos esperava com muita alegria. Não, não tinha presentes, amigos-secretos, era só mesmo a alegria do encontro.
Eu gostava e gosto dessas coisas simples e tão simbólicas. A arte do encontro. Hoje com tanta agitação, muitos presentes e pouco encontro, vamos nos perdendo na nossa própria ignorância, no nosso esquecimento e ocupando nossa mente e nosso tempo fazendo as mesmas coisas de todos os natais e, depois, colocamos fotos no Facebook para compartilhar nossa felicidade com pessoas que quase esquecemos que existem.
Claro que não é sempre
assim. Claro que celebramos o Natal como podemos, como imaginamos e com quem
quisermos. Eu quero viver esse momento
não esquecendo do ensinamento de amor que recebemos através dos tempos, e
através de pessoas chaves que tivemos no nosso caminho. Pessoas que nos
marcaram de alguma forma porque olharam para você de forma especial,
conseguiram ver em você aquilo de melhor que você expressa.
Quando olho, vejo muitas
pessoas assim pelo caminho da minha vida. Ainda essa semana encontrei uma amiga
de faculdade – a Ester – após 30 anos.
Muita de minha base espiritual eu ouvi pela primeira vez dessa menina doce
e alegre nos seus 20 anos. Confesso que não entendia muito bem, mas como
semente ficou ali para florescer muitos anos depois. Que coisa incrível! Fiquei
tão feliz de encontrá-la e poder dizer “muito obrigada”– foi um grande presente
de Natal.
Também celebrei esse
Natal com um lindo Satsanga lá no Instituto de Yogaterapia, tendo oportunidade
de, além de encontrar pessoas que comungam as mesmas ideias, refletir sobre os
nossos cinco sentidos como uma graça recebida para podemos nos expressar e
observar o mundo.
Também tive um outro encontro,
que fazemos todo ano, com amigas de longa data onde trocamos boas risadas e
oferendas simples e sublimes.
Como parte dessas
celebrações também incluiria o Jogo da Transformação, que facilitei esse mês, tendo oportunidade de compartilhar nossas experiências. Nesse
pacote incluo, claro, minha formação em Findhorn, na Escócia, e minha viagem
para Totnes na Inglaterra.
O último dia de aula de
inglês de todos os alunos, quando eles tiram as cartas de “anjos” para o ano
seguinte, também é bem especial para mim. É como se fosse um fechamento
integral de conhecimento e de trocas de vivências.
Meus encontros com minha
mãe aos sábados, onde aprofundo nossas intimidades, me fizeram um bem enorme esse ano porque acabo
liberando dores familiares que já não preciso mais, além de exercitar novas
expressões de amor.
Viver um ano de paz,
apoio, leveza e boas risadas com o Edmilson também é um presente de Natal todos
os dias.
Tudo isso coroado de boa
música na Lagoa do Taquaral com coral de crianças cantando “Noite Feliz” e uma
soprano cantando “Ave Maria” em meio a chuviscos de verão abençoando tudo, foi
uma emoção de vibrar o coração.
Estou pensando aqui que
o Natal não é só em dezembro, ele se espalha por todo o ano. A todo tempo temos momentos que nos marcam e
que nos proporcionam uma abertura no coração e que nos protegem de nossa
própria ignorância.
Acho que celebração
então é isso. É marcar com alegria e expansão no coração momentos e vivências
que nos fizeram aprofundar e nos conhecer melhor. Ao celebrar, registramos na alma essa
experiência da abundância que nos dá uma sensação de pertencimento, de conexão.
Que o ano que se inicia
seja de inspiração para todos nós para reconhecermos esse espírito de amor em
cada dia, em cada situação, a cada encontro. Que possamos sair do nosso
mundinho pequeno e olhar para a imensidão dessa bênção recebida que é a nossa
própria vida e que, à medida que olharmos para dentro, possamos tirar a nuvem
que cobre nossos olhos e obstrui o nosso caminhar, olharmos somente para o
essencial.
Abaixo uma poesia/oração
de Márcio Assunção lida no Satsanga.
Pai,
Ensina-me
a nada pedir e a ser grato por tudo
Gratidão
Gratidão
Pelo
meu nascimento, pelas condições em que nasci e pela minha família.
Gratidão
Pela
minha infância. Hoje eu sei que tive o que precisei para traçar a trajetória da
minha vida.
Gratidão
Pela minha juventude. Hoje eu sei o quanto ser jovem me ensinou
a ter coragem, arriscar e seguir em frente.
Gratidão
Pelos desafios da vida adulta. Estou aprendendo que cada
obstáculo é uma lição para meu crescimento.
Gratidão
Pelos sucessos e pelos acertos. Estou aprendendo que é preciso
ter humildade para acolher os bons frutos.
Gratidão também
Pelos insucessos e pelos erros não intencionais. Estou
aprendendo que a Vida é dual e também é preciso ter humildades para colher as
ações que plantei no passado.
Gratidão
Pelas pessoas que me querem bem, pois me ensinam a amar e me
motivam a seguir em frente.
Gratidão ainda maior
Pelas pessoas que me veem como desafeto e criam obstáculos na
minha vida, pois são essas pessoas que me impulsionam mudanças e transformações
profundas.
Gratidão
Pela
minha velhice, presente ou futura. Estou aprendendo que envelhecer me prepara
para a grande passagem e me torna maduro e quem sabe, mais sábio.
O que pedir quando reconhecemos que tudo respeita uma ordem Universal?
O que pedir quando reconhecemos que tudo respeita uma ordem Universal?
Não tenho mais nada a pedir.
Só
tenho a agradecer e reconhecer.
Pai,
muito obrigada.
Zezé,
ResponderExcluirAdorei o texto, e a oração é maravilhosa. Obrigada por este ano, pelas aulas, por me ouvir, pelos ensinamentos e pelas lições de vida.
Um Natal de Amor e Paz e um 2015 repleto de realizações!!
Beijo - Beth
Parabéns pelos seus textos maravilhosos, verdadeiras lições de vida.
ResponderExcluirDesejo a você e seus familiares um Natal vibrante.
Abs.
Guaracy
Bem legal , Feliz Natal
ResponderExcluirJP
Também sinto saudade dos Natais da minha infância, que era a Missa do Galo, na manhã seguinte levar bolos e doces para minha avó, o cheiro da arvore que era de verdade e não de plástico,
ResponderExcluire a alegria que ficava no ar, quase palpável, não sei se eu mudei, se os costumes mudaram, não sei dizer..... mas se comemorava mais o nascimento de Jesus, onde se sentia o verdadeiro amor de Cristo.
Cidinha
Zezé, seus textos são sempre cheios de alegria de vida, emoção, me inspiro em lê-los e absorver as palavras pra minha vida! Pra mim Natal é gratidão. Gratidão pelo que somos, pelas pessoas que cruzam os nossos caminhos e pelo que aprendemos com ela! Obrigada por fazer parte da minha vida e por compartilhar este dom tão bonito que é saber usar as palavras e acrescentar coisas boas em nossas vidas! Ah, eu quero uma mensagem dos anjos! Feliz Natal! Bjos
ResponderExcluirFabiana
Adorei seu texto sobre “celebração”.
ResponderExcluirÉ verdade, às vezes corremos tanto nessa época, que acabamos por esquecer dos motivos e até do aniversariante.
Beijos e Feliz 2015.
Lígia