Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

10 de novembro de 2013

Acão

No Mud, no Lotus

Fazer, fazer, fazer. Há períodos em nossa vida que ligamos o botãozinho do fazer e quase sem pensar vamos fazendo coisas quase que mecanicamente e, às vezes, nos frustramos com o resultado.
 
A ação é fruto da natureza do nosso corpo e da nossa mente. Mas o problema da ação não é a ação em si. Não é ela que nos causa sofrimento, mas sim as nossas reações, devido aos nossos gostos e aversões.
 
Agimos a partir daquilo que gostamos ou não gostamos, mesmo que para isso seja preciso agir inadequadamente. Se prestarmos atenção em uma reação, vamos perceber que ela está embasada no que eu gosto ou no que eu não gosto e, portanto, baseada totalmente em nosso ego, nos nossos medos, na nossa raiva, no nosso sentimento de carência e na nossa autoestima. Dessa forma qualquer ação que você realizar, pode gerar sofrimento.
 
Quantas vezes ficamos em dúvida se fazemos ou não determinada ação. Se há dúvida é porque não analisamos se essa ação está embasada no ego ou naquele silêncio interno onde todas as fontes são renováveis.
 
Se você tem dúvida em realizar alguma ação ou não, é melhor realizá-la, porque só assim virão à tona os conteúdos com os quais você tem de lidar. E, ao lidar com as situações que estão acontecendo, você lida também com as frustrações, pois elas são contrárias às nossas expectativas.
 
Eu tenho que dar oportunidade para as reações acontecerem para eu poder entender como lidar com elas, com a minha reação, a minha relação com o outro que reage e a minha reação frente à situação. Então o problema não está na ação a ser tomada, mas na resposta da ação.
 
Às vezes pensamos: “Se eu resolver esse problema, a minha vida vai ser uma maravilha”.  A gente projeta uma solução e uma felicidade para depois. Só que no processo de resolver esse  problema a gente adquire mais uns dois ou três problemas naturalmente e aí a felicidade que a gente imaginou não acontece. Assim, não existe um momento em que a vida vai ser resolvida, porque a minha mente muda, meu corpo muda, as pessoas mudam, os desejos mudam, o mundo muda, tudo muda.
 
A chave para nos libertar desse aprisionamento está na não projeção da felicidade e em saber lidar com os opostos (meus gostos e aversões), com a mente tranquila, livre dos desejos, da raiva e dos medos. Ao identificar nossas reações, nossas tendências, nossos hábitos, percebemos que todas aquelas reações, tudo aquilo não somos nós. Existe um eu mais profundo que encontramos no nosso silêncio, que nos observa, e é esse eu que está sentado no nosso corpo, iluminando esse corpo que queremos conhecer melhor e é lá que acharemos o nosso refugio e reconheceremos a paz que já somos.
 
O foco, portanto, não é a ação, mas adquirir meios para entender certas coisas e para poder abrir mão de certas coisas, soltar coisas com as quais estamos apegados, reconhecendo quem já somos.

Um comentário:

  1. Viver parece tão simples, mas nem sempre é assim que as coisas são!!

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