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No Mud, no Lotus |
Fazer,
fazer, fazer. Há períodos em nossa vida que ligamos o botãozinho do fazer e
quase sem pensar vamos fazendo coisas quase que mecanicamente e, às vezes, nos
frustramos com o resultado.
A
ação é fruto da natureza do nosso corpo e da nossa mente. Mas o problema da
ação não é a ação em si. Não é ela que nos causa sofrimento, mas sim as nossas
reações, devido aos nossos gostos e aversões.
Agimos
a partir daquilo que gostamos ou não gostamos, mesmo que para isso seja preciso
agir inadequadamente. Se prestarmos atenção em uma reação, vamos perceber que
ela está embasada no que eu gosto ou no que eu não gosto e, portanto, baseada
totalmente em nosso ego, nos nossos medos, na nossa raiva, no nosso sentimento
de carência e na nossa autoestima. Dessa forma qualquer ação que você realizar,
pode gerar sofrimento.
Quantas
vezes ficamos em dúvida se fazemos ou não determinada ação. Se há dúvida é
porque não analisamos se essa ação está embasada no ego ou naquele silêncio
interno onde todas as fontes são renováveis.
Se
você tem dúvida em realizar alguma ação ou não, é melhor realizá-la, porque só
assim virão à tona os conteúdos com os quais você tem de lidar. E, ao lidar com
as situações que estão acontecendo, você lida também com as frustrações, pois
elas são contrárias às nossas expectativas.
Eu
tenho que dar oportunidade para as reações acontecerem para eu poder entender
como lidar com elas, com a minha reação, a minha relação com o outro que reage
e a minha reação frente à situação. Então o problema não está na ação a ser
tomada, mas na resposta da ação.
Às
vezes pensamos: “Se eu resolver esse problema, a minha vida vai ser uma
maravilha”. A gente projeta uma solução
e uma felicidade para depois. Só que no processo de resolver esse problema a gente adquire mais uns dois ou
três problemas naturalmente e aí a felicidade que a gente imaginou não
acontece. Assim, não existe um momento em que a vida vai ser resolvida, porque
a minha mente muda, meu corpo muda, as pessoas mudam, os desejos mudam, o mundo
muda, tudo muda.
A
chave para nos libertar desse aprisionamento está na não projeção da felicidade
e em saber lidar com os opostos (meus gostos e aversões), com a mente
tranquila, livre dos desejos, da raiva e dos medos. Ao identificar nossas
reações, nossas tendências, nossos hábitos, percebemos que todas aquelas
reações, tudo aquilo não somos nós. Existe um eu mais profundo que encontramos
no nosso silêncio, que nos observa, e é esse eu que está sentado no nosso
corpo, iluminando esse corpo que queremos conhecer melhor e é lá que acharemos
o nosso refugio e reconheceremos a paz que já somos.
O
foco, portanto, não é a ação, mas adquirir meios para entender certas coisas e
para poder abrir mão de certas coisas, soltar coisas com as quais estamos
apegados, reconhecendo quem já somos.
Viver parece tão simples, mas nem sempre é assim que as coisas são!!
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