Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

3 de maio de 2010

Contribuição para um mundo de paz.

A realidade que os povos antigos concebiam não era somente constituída dos elementos que eles poderiam perceber no cotidiano. Além do céu, da terra e do mar havia uma realidade maior, um universo que dava sustentação a tudo que existia. Eram bons observadores e deduziram a estrutura e funções básicas de vários órgãos e a ação terapêutica das plantas.  Já possuíam relativa interpretação holística dos acontecimentos: a aflição de um membro do grupo era igualmente um caso para toda a comunidade pois, de alguma forma, esse membro estaria em desarmonia com o Universo e isso se refletia em um ou mais dos integrantes da tribo. Alguns se destacavam em compreender e lidar com estas questões, surgindo assim os Xamãs que seriam um porta voz oracular de seu povo, interpretando a vontade das forças universais, compreendendo tudo como profundamente interconectado, buscando a sincronicidade e os sinais.

Nas mais variadas culturas, o consenso era a de que o equilíbrio seria o estado natural e as desarmonias decorriam por desagrado aos deuses, às forças da natureza, ao Universo. Toda enfermidade teria uma mensagem a ser compreendida, cuja importância ia além do indivíduo, sendo comum a participação de toda comunidade no tratamento.

O homem não possuía dados científicos para compreender esse universo, que extrapolava a sua realidade cotidiana, mas ele podia sentir sua existência. Ele não precisava ver para crer. Ele era eterno e, portanto, não temia a morte, pois esta não tinha existência real.

Hoje, sem desconsiderar toda a importância das descobertas feitas pelos cientistas, vivemos em um mundo recortado por áreas e disciplinas, separado por especialistas, numa abordagem cartesiana e que influenciou nossa visão de mundo, vendo-nos como centro do universo sem nenhuma correlação com o Todo.
Sem essa consciência do Todo, não percebemos a relação entre as coisas e as nossas atitudes e nos permitimos derrubar árvores, poluir os rios, matar animais e pessoas e cada vez mais embotamos nossa consciência, vivendo a mesmice sem desenvolver as nossas escolhas e nossa consciência, sem ir mais além.

Já com a “contracultura” começamos a mudar essa maneira de ver o mundo fragmentado e começamos a experimentar uma outra visão mais transformadora, à medida que podemos olhar para trás e tirar ensinamentos de como os povos antigos vivam mais integrados com a natureza.

Com esse novo paradigma integrado, onde a consciência é a determinante do resultado de toda experiência, alcançamos uma mudança no nosso cotidiano.

Sem a transformação pessoal, estaremos sempre envolvidos em conflitos e não na paz. Nessa transformação encontraremos nossa liberdade individual, escolhendo não uma destinação, mas uma direção. A consciência que emerge desse novo paradigma é ao mesmo tempo pacífica e revolucionária.

A busca é ir além da dualidade e de tudo que limita e que fragmenta. A meta não se destina a reduzir o sofrimento a dimensões normais, mas transcender o sofrimento.
Entrar em contato com os sentimentos de alguém é de pouco valor, se tais sentimentos sombrios não são transformados, resgatando assim a possibilidade de criarmos com consciência a nossa ação no mundo, através das escolhas, não mais como vítimas, mas como agentes de transformação.

“Não se pode criar um mundo não-violento e cheio de amor a não ser que nos tornemos não-violentos e cheios de amor.”

“Que haja paz... e que ela comece comigo.”

2 comentários:

  1. Oi Zeze, muito legal a mensagem. Lembrei da música de Nando Cordel - Paz pela Paz (A paz no mundo começa em mim...). Ele sempre está presente na Caminhada da Paz que acontece anualmente em João Pessoa. A música é muito linda!
    beijos
    Carol

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  2. Zezé, minha admiração e respeito por quem sabe a importância de refletirmos sobre o mundo e as coisas da vida. O seu blog deixa transparecer um grande afeto e uma grande preocupação pela humanidade em geral e pelo ser humano - cada um de nós - em particular. E afeto só pode fazer bem a quem escreve e a quem lê.
    Beijo grande
    Monica

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