Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

19 de setembro de 2011

SENSO COMUM


Flor de Lotus
Líder tibetano do budismo, Dalai Lama esteve em São Paulo e falou para milhares de pessoas. Disse que o caminho da violência é infrutífero e defendeu a desmilitarização mundial, que começa pelo desarmamento interno, onde raiva, ódio, medo e ganância são as primeiras causas da violência. Para isso precisamos colocar atenção ao nosso mundo interno emocional e descortinar nossa capacidade de lidar com essas emoções negativas. Disse que o cultivo de valores internos forma a base da vida feliz. Isso deve ser feito através da educação, não pela pregação (religiosa) e que é importante que esses conceitos tenham abrangência universal. 

“Precisamos ensinar, do jardim de infância à faculdade, que a moralidade é o caminho da felicidade. O sistema educacional moderno presta somente atenção no desenvolvimento do cérebro e não no desenvolvimento moral” - completou.

Dalai Lama sai do senso comum, expande nossos horizontes e nos faz ver com clareza que cultivar valores internos é o caminho para nos tornarmos mais integrais. E a educação precisa passar pela moralidade. De que adianta a estrutura política, por exemplo, se as pessoas que a compõem não têm os valores morais como setas que orientam suas decisões? De que adianta ser um médico se não se compreende o que é a vida? De que adianta ser professor se não aprendeu que o aprendizado só acontece se soubermos quem somos e quais valores farão parte de nossa existência? De que adianta ser um engenheiro que não impregna em suas construções as suas próprias construções internas? Ou ainda um psicólogo que não reconhece suas próprias sombras? De que adianta uma grande empresa que não tem como valores a compreensão de que somos todos parte de uma só engrenagem e que tudo o que fizermos terá consequência sobre nós mesmos?

Muitos mais cômodo para nós é permanecer no senso comum, do tipo “todo mundo rouba, então tenho que tirar algum proveito disso”, ou “como vou ensinar bem, ou atender um paciente bem, se não ganho o suficiente para isso?” Falamos tanta coisa durante o dia que já nem pensamos mais no que estamos dizendo e reforçamos nosso senso comum. Expressões como: “a culpa é do chefe”, “homens são todos iguais”, “não tenho tempo”, “não consigo”, “rouba mais faz”, “a professora me persegue”, “coitado do outro”... e tantas outras refletem nossa crença limitante. E a gente continua falando isso reforçando cada vez mais, esquecendo que nossas palavras são vibrações que saem a dançar pelo universo e, como num rodopio, voltam para nós mesmos. Depois reclamamos que não saímos do lugar, que não somos felizes, que a vida é dura e outras crenças mais limitantes ainda. Pode ajudar, ao verbalizarmos uma dessas crenças, perguntarmos: “Que mais?...” e em seguida: “Que mais? ...” até que cheguemos na essência daquele valor. Sempre podemos ir mais além. Sempre.

Sair do senso comum, refletir em nossas crenças e transformá-las fazem parte de nosso autoconhecimento, de descobrir nossos valores e de saber qual é o alicerce sobre o qual eu construo minha existência. Somos seres com infinitas possibilidades.

Uma poderosa ferramenta para nos ajudar a gerir com habilidade a nossa vida é perguntar antes de cada ato se isso nos trará felicidade. Isso vale desde a hora de decidir se vamos ou não usar drogas até se vamos ou não comer aquele terceiro pedaço de torta de banana com creme. (Dalai Lama)

Tanto no cristianismo quanto nos vedas (religião antiga da Índia) falam sobre condutas morais que norteiam nossa caminhada, como por exemplo, Não mentir, não Roubar, a não-violência, etc. São leis universais independentemente de raça, religião, cor, nação, política, sexo, idade etc.

Se ficarmos no senso comum, pensaremos: o político rouba e eu não a violência é a guerra, é o bandido da rua. E ponto final. Não transformamos nada, não expandimos nossa consciência. O que se propõe é ir mais além. É olhar para dentro e ver como a violência, a mentira, o roubar, se manifesta internamente. Eu não roubo o banco, mas eu não aviso o garçom que ele me deu troco a mais, eu roubo o espaço do outro no trabalho, a paciência do outro... e se formos expandindo veremos que temos muitas facetas do ato de roubar que julgamos só estar no outro. Então a partir dessa autoanálise eu posso transformar a mim com reflexos para o mundo.

Dalai Lama é uma inspiração que resgata nossas verdades essências mais básicas.

“Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. Estas atitudes se refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Deste ponto em diante, as mudanças se expandirão em proporções cada vez maiores. Tudo o que fazemos produz efeito, causa algum impacto.” (Dalai Lama)
Namastê - o Deus que está em mim saúda o Deus que está em você

2 comentários:

  1. Muito bom , mas difícil
    Tem hora que sabemos que não trará felicidade , mas é preciso reagir ...
    JP

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  2. Como sempre, valeu a leitura!

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