
Ainda me lembro que foi
num balanço no quintal de minha casa, no Parque Industrial, quando o rádio de
casa tocava uma música do Trio Esperança, de repente percebi, nos meus 10 anos
de idade que aquela música não era só um amontoado de palavras, as palavras
contavam uma história! Corri para dentro de casa, subi em uma cadeira e comecei
a virar o botão do rádio que ficava em cima da geladeira. Mais música e mais
histórias dentro da música, outra estação, outra música com histórias e mais e
mais. Definitivamente tinha descoberto ali a poesia dentro da música.
E a partir daí um mundo
mais intenso e vibrante se descortinava dentro de mim. Entrei para o “Canto
Orfeônico” no grupo escolar que ficava a duas quadras de casa. Lembro que, além
do Hino Nacional, do Hino da Bandeira, do Hino do Índio, também cantávamos Roda
Viva de Chico Buarque e eu me imaginava na roda gigante do parque de diversão
que ficava na outra esquina da rua de casa. E amava cantar mesmo que ainda não
alcançasse a outra roda gigante de que Chico falava. Em casa todos gostavam de
cantar. Minha irmã Nadir cantava no Circo Irmãos Almeida e ganhava prêmios. Aos
domingos ela ia ver o Renato e seus Blue Caps na rádio e me levava. Eu amava.
No ginásio (equivalente hoje ao período do 6º ao 9º ano), eu e minhas amigas
tentávamos tirar a letra, ouvindo no rádio, de todas as músicas de Raul Seixas
e, depois, íamos comparando pra ver se tínhamos pegado a música certinha. E
fazíamos isso com Chico Buarque e dávamos para a professora de Português,
porque já que era inevitável ter que fazer exercícios de análise sintática,
então que fosse nas letras de gênio Chico Buarque. E a professora vez ou outra
aceitava nossos apelos.
E foi nos anos 80 que
entrei para o Coral de Campinas – Coca, e como era bom cantar. E cantamos,
entre tantas outras, a Nona Sinfonia de Beethoven.
Até hoje descubro muita
coisa boa. Música alimenta a alma, descansa os músculos, deixa a mente serena.
E nesse fim de semana
fomos até Belo Horizonte ver o show do Uakti tocando Beatles. Que coisa linda!
Com seus instrumentos próprios, todos construídos pelo meu amigo Marco Antonio
Guimarães, um gênio. Eles conseguem tirar a essência das músicas, mesmo dessas
que já foram tocadas indefinidamente e com tantos arranjos diferentes por
músicos de todas as nacionalidades. Tanta sensibilidade nas delicadas notas
retiradas daqueles instrumentos estranhos, me envolveu demais. Causa surpresa
como eles conseguem tirar de algo como madeira, vidro, água, tubos de PVC e
outros materiais tanta poesia, mostrando que, sim, a música, o som está contido
em tudo nesse universo e talvez para além desse universo. E eles tiram o
excesso de todas as coisas e só deixam a música, pura.
Eu me senti no balanço do
quintal de casa, fazendo descobertas em mim mesma, ampliando minha
sensibilidade, expandindo meus ouvidos e abrindo meu coração. Obrigado Uakti.
Eu também gosto muito de música. Quando criança eu brincava de cantora e eu era Nora Nei, e cantava a música dela que fazia sucesso. A música acalma, faz sonhar, claro, as de boa qualidade.Na biodança nós(minha turma) cantamos e dançamos muito. Fiquei feliz que vcs. curtiram o passeio. Com carinho Rudi.
ResponderExcluirAdorei, Zezé :)
ResponderExcluirRealmente, música alimenta a alma.
Eis o que estou curtindo hoje:
http://www.youtube.com/watch?v=HYg96PVslC4&feature=related
Um beijo