Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

1 de dezembro de 2010

Coincidências?

Green Park - Londres - outono
Já contei essa história muitas vezes, mas toda vez que conto de novo, as pessoas ficam curiosas e eu, novamente, fico tocada. Então decidi colocar a história aqui no blog.

Vamos lá: quando decidi estudar em Londres comecei a me programar, principalmente a questão das finanças. Entrei em uma firma e fiz a conta. Precisava trabalhar dois anos para conseguir o mínimo de dinheiro que precisava para ficar lá por mais ou menos dois meses. Quando finalmente juntei o dinheiro, resolvi pedir demissão da firma. Coincidentemente isso ocorreu no mesmo dia em que o meu gerente me informou que eu estava sendo promovida e, portanto, iria ganhar um montante a mais, que se completaria em 3 meses, um terço a mais por mês. Pensei, pensei e como não tinha muito dinheiro, resolvi que eu poderia trabalhar mais um ano e aí então ter mais dinheiro para viajar. No primeiro mês, o um terço do aumento veio e depois não veio mais. Questionei no RH da firma que não sabia de nada. Questionei então o ex-gerente que me perguntou se eu tinha anotado em algum papel se ele havia mesmo falado do aumento em três vezes. Minha indignação foi total e resolvi que eles teriam que me dispensar. Depois de alguma resistência, me dispensaram e, no dia seguinte, arrumei minha mala e lá fui eu para Londres.

Quando cheguei em Londres, chorei. Tive a sensação de que lá era meu lugar. Olhava para os prédios, para as pessoas e me identifiquei muito com aquele estilo de vida. Fiz um pedido: “Universo, fiz tudo pra vir pra cá. Agora quero ficar mais tempo e não há mais nada que eu possa fazer. Agora depende só de você.”

No dia seguinte começaram as aulas do meu curso de um mês. Meus professores eram Liz e John Soars – autores da linha Headway. Descobri que eles eram professores, mas tinham sido muito bem sucedidos como autores dos livros e, por isso, só davam aulas durante um mês por ano, para não perder contato com os alunos e para aplicar nessa turma um plano-piloto para as próximas edições dos livros. Eles eram ótimos. Cada aula era um show. Estava tão entusiasmada com tudo. Com Londres, com as aulas, com a língua.

Na segunda semana de aula eles me disseram que gostariam de falar comigo depois da aula. Fiquei curiosa e quando todos os alunos saíram, eles me disseram que gostariam de pagar o curso de inglês para mim por um ano. Como assim, pagar o curso pra mim? Por quê? Tentaram me explicar o inexplicável: “Porque você é muito interessada na língua. Porque vendemos muitos livros no Brasil e queremos de alguma forma retribuir....” Explicavam, mas acho que eles mesmos não sabiam muito bem a razão. Mas eu olhava em seus olhos e sabia: o universo tinha atendido meu pedido e estava usando aquelas pessoas maravilhosas para a concretização desse pedido.

Naquela época já sabia que não podemos recusar nada que o universo nos manda e então aceitei. Não conseguia passar pra eles minha alegria e minha gratidão. Talvez eles não tivessem idéia do que aquilo representava para mim. Lembro de chorar no metrô de tanta alegria, não só por poder ficar num lugar que eu estava amando, mas principalmente por ter entendido que o fato de o meu ex-gerente ter sido desleal comigo, foi justamente isso que tinha atrasado minha ida a Londres por dois meses. E esse atraso fez eu ir justamente no mês em que Liz e John estavam dando aulas. E me lembro de ter até agradecido àquele ex-gerente, porque, afinal, ele acabou sendo uma peça-chave para que tudo se encaminhasse da melhor forma. Nunca mais duvidei de que quando você pede ao universo, ele sempre diz SIM.

Liz e John foram mais que meus professores. Conheci a casa dos dois, suas filhas, o cachorro e o gato.

Minha experiência em Londres foi linda. Houve muitas “coincidências”, inclusive uma de encontrar por acaso a Carmen, uma amiga querida, que não via há um tempão (e essa também é uma história incrível). Tudo acontecia numa sincronicidade maravilhosa. Foi um período onde senti muita gratidão.

Quando voltei para o Brasil, um ano depois, não sabia muito bem onde trabalhar e uma amiga que estava saindo de uma escola de inglês me disse que a dona da escola gostaria de me conhecer. Eu ainda estava com Londres em meu coração e não conseguia fazer nada. Por ter demorado a procurar a dona da escola, ela foi até minha casa. Soube que a escola dava aulas “in company” e que os professores iam até as empresas. Aceitei o trabalho até por causa de minha experiência de ter trabalhado por 18 anos em empresas multinacionais. Minha grande surpresa foi quando ela mostrou os livros que usava. Era a linha Headway, de Liz and John Soars. Fiquei encantada e entendi que tinha que fazer isso mesmo. Depois de um ano, saí da escola e comecei a dar aulas por minha conta, no mesmo esquema, nas empresas. Descobri que o que me dava prazer profissional era mesmo dar aulas e ver o brilho dos olhos dos alunos quando assimilavam um conhecimento que até então achavam impossível. Mas essa é uma outra história que fica para um outro post.

5 comentários:

  1. Eita, que legal, Zezé!!!! Um brinde (com chocolate quente) ao universo!!!!

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  2. Zezé, gostei muito do que você disse sobre sua estada em Londres. E aproveitei para me pôr em dia com seu blog, lendo as outras mensagens, o que me fez muito bem. Sabe, você é uma pessoa muito bonita, e cada vez sua alma se torna mais transparente em seus escritos e escolhas. Em que país você mora? Nós já fomos apresentados?...
    Mário Frigéri.

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  3. Olha essa história eu não conhecia. Não com esses detalhes. Muito bom! Bj

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  4. Minha mãe tem um amigo, padre, que diz que não existem coincidências, mas providências. Lembrei muito disso lendo a sua história. Que, aliás, tb fala muito (bem!) de vc.
    Bjs
    Monica

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  5. Oi querida,
    Linda história em Londres!!! Sempre gostoso ler seu blog!!! Obrigada.
    Bjs.
    Rita.

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