Dentro de mim existe um lugar onde vivo inteiramente só
e é lá que se renovam as nascentes que nunca secam.
P.Buch

23 de abril de 2012

VALORES UNIVERSAIS

Hoje em dia o que mais ouço e me pego falando é sobre quantas atividades temos num dia só. Parece que a gente não consegue parar nunca. É uma atividade atrás da outra. Ufa! Algumas vezes noto que, independente de quanto fazemos, chega o fim do dia e estamos exaustos, mas em outros estamos tranquilos. De onde concluo que, na verdade, não é o quanto temos para fazer, mas quanto nossa mente fica agitada.

Todos nós já experimentamos a sensação de que nossa mente não para de pensar e estamos sempre tentando achar soluções através delas, elaborando ações e respostas às pessoas que, de alguma forma, nos feriram ou nos desqualificaram, ou, ainda, nos desrespeitaram. Criamos diálogos em nossas mentes baseados em nossa dor e tentamos responder ao mundo mostrando essa dor através da raiva, do medo, da insegurança, mesmo que venham mascarados por sentimentos nobres como o de justiça. Não conseguimos trazer paz para a nossa mente.

Mas afinal qual a função de nossa mente? “A mente é o lugar onde o conhecimento acontece”, de acordo com o livro que estou lendo “O Valor dos Valores” (veja na lista de livros a direita do blog) e, se esse conhecimento não acontece, é porque existe um obstáculo. Se temos nossa mente cheia de afazeres que usamos para encontrar meios de driblar ou rejeitar nossas emoções, fica difícil o conhecimento chegar até nós. Precisamos abrir espaços em nossas mentes para que um novo referencial, um novo conhecimento chegue até ela. Portanto, a mente precisa se preparar. O livro diz que praticar exercícios respiratórios, exercícios físicos podem ser úteis para aquietar a mente, mas não preparam a mente para o autoconhecimento.

O que prepara a mente para o autoconhecimento são as práticas dos valores universais e esses valores são certas atitudes éticas universais. O livro diz que “um valor ético é um padrão ou norma de conduta originado na maneira pela qual eu desejo que os outros me vejam ou me tratem.” Esses valores não têm nada a ver com religião, embora eles alicercem muitas delas.

Tudo o que eu não quero que os outros me façam é um comportamento inadequado. Portanto eu tenho a mim mesma como referência para saber quais são esses valores universais. Por exemplo: não quero que o outro minta para mim, quero que me diga a verdade. Portanto esse é um valor para mim. Assim eu pratico não dizer mentira. E assim podemos então saber o que é um valor para cada um de nós.

Minha vida só pode me levar ao autoconhecimento se eu praticar os meus valores internos que são os valores universais não baseados em raça, religião, sexo, preconceitos etc.

Uma vez que sei quais são esses valores, eu uso esses valores. Se não uso, se por algum motivo me desvio desses valores, eu entro em conflito interno comigo mesmo e nesse momento a mente começa a se agitar porque crio uma semente de culpa que gera a insônia, o medo. Mesmo pequenas mentiras registram internamente esses conflitos.

O conflito então aparece quando não conseguimos viver de acordo com determinado valor e, assim, não posso estar confortável. Consequentemente nossa qualidade de vida sofre sempre que nos tornamos divididos. “A expressão da minha vida é exatamente a mesma da minha estrutura de valores bem assimilados. O que eu faço é só expressão do que é valioso para mim".

Se faço desse ato de não viver conforme esses valores universais uma rotina, começo a destruir dentro de mim a minha expressão no mundo. Vivo a vida rasa, o acordar, trabalhar, pagar as contas, dormir e acordar novamente. Quem quer viver a vida rasa, sem profundidade, sem se conhecer, sem saber o que eu quero e para onde estou indo e como faço para chegar lá?

Estou me deliciando com esse livro que cita, na sequência, 20 valores que são necessários para preparar a mente para o autoconhecimento. Mas esse vai ser tema para um outro post.

Abaixo 2 minutos e meio de belo poema de Professor Hermógenes.


2 comentários:

  1. Muito legal, Zezé! Acho que até agora vivemos numa condição em que a ilusão era tão convincente, que essa reflexão era "opcional". Está cada vez mais difícil disfarçar o colapso iminente de um modo de vida baseado no consumo e na aparencia - a "vida rasa" está escancarada. A reflexão agora é compulsória. Lindo também o poema do prof. Hermógenes, ainda mais na voz do Carlos Vereza. Beijos

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  2. ...Quem quer viver a vida rasa, sem profundidade, sem se conhecer, sem saber o que eu quero e para onde estou indo e como faço para chegar lá? Perfeito Zezé...sair do automático...desejar e ter o controle do tempo de nos dedicarmos ao auto-conhecimento...sermos felizes e fazermos os outros felizes ao nosso redor...com conduta simples, atitudes tranquilas ...mas de coração...
    Obrigada!!! Beijo,
    Dri-Yoga

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